quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A talha de água da transparência


Lagoa Canabrava-GO
Foto: Diógenis Santos

Há apenas uma cura para a vida escondida atrás da máscara da auto decepção: a transparência. É o “bálsamo da cura” de Deus, mas ele não vem facilmente. Tenho uma palavra profunda a qual compartilho sempre que treino líderes pelo país: “Quanto mais você dá alguma coisa, mas você recebe”. Na área das feridas e mágoas, quanto mais demos o nosso testemunho da vitória de Jesus, mais vitória tivemos.
Conhecemos pessoas que tiveram incidentes semelhantes em seus casamentos que, devido a sua incapacidade para compartilhar abertamente, suportaram tenazmente suas dores. Após trinta anos, seus relacionamentos de “uma só carne” e com outras pessoas continuam feridos, machucados e danificados. Elas não conseguem mais confiar em outros, portanto suas vidas encontram-se limitadas devido a uma suspeita atrás de outra.
Lembro-me bem de nossa primeira lição dolorosa sobre transparência. Estávamos em Denver nesse tempo. No passado, antes do meu pecado ser exposto, havíamos ministrado a vários grupos de MMI e eu sempre evitara ser honesto sobre o meu pecado. Embora fosse transparente em relação aos meus pontos positivos, eu não era transparente com relação a nenhuma de minhas falhas. Naquele dia, em Denver, estávamos em uma reunião especial feita em nossa homenagem. Durante o ano anterior tínhamos completado o nosso período de disciplina e recebemos a incumbência de sermos responsáveis por um ministério. Naquele dia, estávamos sendo promovidos a nossa primeira posição de supervisores, já que havíamos sido removidos do ministério pastoral. Ali estavam vários casais do Colorado e de alguns estados vizinhos. Tudo o que me lembro é que havia muitas pessoas, algo pela qual mais tarde lastimei muito.
Mike e Marilyn haviam pedido que falássemos ao grupo naquela noite, e Noline e eu preparamos um sermão pastoral de sete pontos para a ocasião. Estávamos prontos para começar quando Mike nos interrompeu e disse:
- Neil, por que você não compartilha com todos sobre o seu adultério?
Fiquei pasmo. Embora eu tivesse participado de tantos encontros de MMI e soubesse que é de se esperar que todos sejam abertos e honestos, eu nunca havia compartilhado. Pensei imediatamente em todas as razões pelas quais eu não deveria fazer o que estava sendo pedido. Eu sempre aprendera que omitir os seus próprios pecados era a regra número um dentro de um ministério. Você nunca deveria deixar as pessoas saberem sobre o seu passado ou elas perderiam o respeito por você. E, se as pessoas não nos respeitam, isso atrapalha a nossa habilidade de liderá-las com aceitação e autoridade.
Aquelas eram todas as desculpas que eu usara na maior parte de minha vida adulta para esconder os meus pecados passados. Não era de se surpreender a razão pela qual elas estavam me incomodando tanto. Não, eu não poderia fazer isso. Poderia?
Em uma fração de segundos percebi que eu tinha que confiar em meus supervisores. Eu precisava deixar de lado todas as minhas desculpas e fazer o que era necessário. Embora eu nunca tivesse feito isso antes, Deus iria ajudar-me como sempre fizera.
Naquela Noite, pela primeira vez em público, enquanto eu enrubescia e gaguejava, Nolie e eu falamos de forma franca sobre o passado e sobre a demissão de meu ministério – e sobre as suas verdadeiras causas. Foi a coisa mais difícil e humilhante que jamais pediram que eu fizesse. Senti-me envergonhado, chateado e arrependido de tudo novamente. Entretanto, ao terminarmos, descobrimos que a mentira do diabo era aquilo. O nosso temos de sermos rejeitados por termos pecado fora um erro. Fomos aceitos com amor por aqueles que nos ouviram e aquela noite marcou o começo de nossa jornada de sucesso para o alívio verdadeiro da dor de nosso passado.
Hoje, podemos compartilhar abertamente a qualquer lugar e a qualquer instante sobre nossas falhas e sobre a cura maravilhosa de Jesus. Nos recordamos da queda, mas a dor já se foi e a ferida está completamente curada.
A talha de água da libertação

Nenhum comentário:

Postar um comentário