sábado, 29 de agosto de 2009

A talha de água da obediência

Trizidela do Vale-MA
Foto: Diógenis Santos
A talha de água da obediência
Apesar da falta de resultados aparente, sentíamos que era importante continuarmos obedecendo. Jesus disse aos servos, no casamento em Cana da Galiléia, o que Ele queria que eles fizessem, e eles obedeceram – embora devam ter se sentido um tanto tolos ao derramar a água naquelas enormes talhas.
Deus se encarrega do sobrenatural, mas espera que nós façamos a nossa parte no natural. Muitas pessoas no Corpo de Cristo estão condicionadas a ir à frente e receber imposição de mãos, esperando por alguma manifestação de uma cura miraculosa. Deus realmente cura, mas Ele também ordena que você faça alguma coisa. Ele espera que cada um de nós seja obediente àquilo que Ele nos mostrar. Assim, cada indivíduo precisa ouvir a voz de Deus de forma pessoal e saber o que Deus quer dele (a). Para Noline e eu, era submetermo-nos a Mike e Marilyn Phillipps e à direção que eles nos dariam. E devíamos retornar ao devocional diário lendo a Bíblia e orando juntos. Francamente era um alívio ser capaz de fazer “alguma coisa” porque, naquele ponto de nossas vidas, estávamos nos sentindo bem inúteis.
Mais do que inúteis, às vezes eu achava que estávamos retrocedendo. Comecei a sentir que Mike estava pegando no meu pé devido a pequenas infrações ou pela forma como eu percebia as coisas e eu odiava isso. Eu torcia o nariz a cada confronto de minhas atitudes e pelo fato de constantemente culpar as outras pessoas. Eu me ofendia com a constante prestação de contas que Deus estava exigindo de mim.
A formação do caráter requer uma rendição de tudo o que a carne valoriza e protege, e eu tinha anos de experiência para superar. Além disso, a Palavra de Deus não parecia ser aplicável à minha vida diária, não parecia responder aos meus problemas imediatos. Ao olharmos para trás, no entanto, fica claro que Deus estava trabalhando. Ele sabia daquilo que nós mais precisávamos naquelas horas, e nossas “talhas vazias” estavam sendo cheias novamente, de forma vagarosa, porém segura.
Mais do que nós desejamos para nós mesmos, Deus deseja que as pessoas que estejam machucadas ou quebradas sejam curadas. A verdade é que nós não sabemos como começar a encher as nossas talhas vazias por nós mesmos. Viver sem a cura de Deus, é como viver em uma casa com buracos na parede, por onde se penetra todos os tipos de insetos e se é exposto às chuvas e ao vento. A primeira coisa a se fazer, antes que alguém se mude é consertar o buraco. Você não pode começar comprando tapetes, cortinas, papel de parede e quadros se não tiver solucionado o problema real. Se você não consertar o buraco da parede, então todas as outras coisas que comprar para decorar a casa vão ser desgastadas e destruídas.
Muitas pessoas que aprendem sobre a construção de um relacionamento cometem o mesmo tipo de erro: tentam embelezar seus relacionamentos, consertando ou adornando elegantemente objetos superficiais, sem primeiro consertar as brechas. Não interessa quantas vezes elas tentam embelezar um relacionamento quebrado. Tudo sempre se estraga porque as brechas mais importantes foram ignoradas ou olhadas por cima. É preciso deixar o Senhor consertar a ferida-brecha primeiro, para que então todo o resto dos detalhes sejam decididos. Ele usará as pessoas e as circunstâncias mais diferentes para fazer isso. A Bíblia diz: “O Senhor firma os passos do homem bom” (Salmos 37:23). Deus tem em mente lugares e pessoas específicas para você. Deixe Deus ser Deus e renda-se totalmente ao Seu trabalho em seu casamento e família.
A talha de água da Palavra

Capítulo 11 – Enchendo as talhas novamente


Foto: Diógenis Santos

Estavam ali seis talhas de pedra que os judeus usavam para as purificações, e cada uma levava duas ou três metretas. Jesus lhes disse: Enchei d’água as talhas. E eles as encheram totalmente. João 2:6-7
NEIL:
Da mesma forma como o jovem casal da Bíblia no casamento em Cana da Galiléia, Noline e eu começamos a andar o nosso caminho de discipulado e cura. Enquanto começávamos a realmente buscar a Deus para cura e direção, fomos guiados a essa passagem do Evangelho de João.
Deus nos disse para derramarmos a água da Palavra nas talhas vazias de nossas vidas. A água, em sua forma pura, é inodora, insípida e incolor; e era exatamente dessa forma que víamos a “água da Palavra” logo que começamos a ler e a orar. Mesmo assim continuamos a ler e a orar, mesmo que a Palavra parecesse vazia. No início, não víamos cousa alguma acontecendo, nada parecia estar mudando.
A talha de água da obediência

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A terceira estação: Ele nos restaurará


Foto: Diógenis Santos

Na terceira fase de nossa cura, Noline e eu desfrutaríamos do propósito de Deus para as nossas vidas: Ele nos restauraria! Aquilo que o diabo tinha roubado através do meu pecado, rebelião e decepção, Deus agora podia dar-nos de volta. O diabo tinha que pagar-nos sete vezes mais por tudo que havia roubado. A restauração pode tanto significar termos a permissão de retornar ao trabalho e ao chamado que tínhamos antes do pecado ou não. A chave é render o nosso futuro a Ele e confiar n’Ele para a renovação que Ele deseja.
Tínhamos, então, um propósito e tínhamos uma direção. Naquele tempo, eu desejava aceitar qualquer coisa que o Senhor colocasse em nosso Caminho. Através do sustento de muitos amigos leais, amigos que investiram em nossas vidas pelos dois anos seguintes, nós não apenas sobrevivemos – começamos a crescer.
Isso acontece da noite para o dia?De forma alguma! Deus investiria em nós o tempo necessário para completar a Sua obra. Ele pretendia arraigar os princípios de um novo caminhar de forma tão profunda em mim que duraria a vida toda!
Se há algo em que creio é que, se você render-se a Deus – as circunstâncias ou erros não interessam – seu futuro será sempre melhor do que aquilo que você teve antes de render-se a Ele. Deus estará cem por cento com você! Quando você perder o “Plano A” de Deus para sua vida, você não terá que contentar-se com o plano B, C, ou D. Não, Deus simplesmente cria um novo “plano A” – se você continuar a fazer as coisas da forma d’Ele e não da sua. Essas três estações de cura têm um propósito maior: restaurar-nos para a Sua presença. Ele quer que vivamos em Sua presença e desfrutemos d’Ele o máximo.
Nada é mais devastador para um cristão que já tenha conhecido a presença de Deus, do que sentir-se impossibilitado de voltar ao trono da graça por causa do pecado. Se eu pudesse gravar algo em seu coração seria isso: Deus ama você e Ele sente falta da sua companhia. Seus pecados separaram você d’Ele, mas Ele deseja trazê-lo (a) de volta através do Seu processo de restauração, pela Sua Palavra. Responda agora, hoje. Retorne ao Senhor e à Sua presença.
Nós experimentamos a humilhação esmagadora, mas também experimentamos a reabilitação carinhosa.
Capítulo 11 – Enchendo as talhas novamente

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A segunda estação: Ele nos ressuscitará


Foto: Diógenis Santos

Uma vez tendo finalmente retornado ao Senhor através do poder do Espírito Santo, Ele nos ressuscitará. Isso ocorre quando “a primavera chega com toda força e o inverno se vai". Em minha própria vida, novos botões de vida e brotos de flores logo floresceriam de galhos há muito tempo considerados mortos e sem vida. O vigor de uma nova vegetação surgia da terra tratada e trabalhada de nossos corações. Melhor do que todas as alegrias e prazeres era começarmos a sentir a doce fragrância do Espírito do Senhor outra vez!
Será que Lázaro, que morreu, pode viver novamente? Poderá a vara de Arão brotar novamente as amêndoas? Certamente! Jesus disse: Eu sou a ressurreição e a vida (João 11:25). Sabíamos que viveríamos de novo, sabíamos que isso se aplicava não apenas às nossas vidas pessoais, mas ao nosso casamento também. Sempre que permitirmos, o Senhor renovará o louvor em nossa alma, um novo amor pela Palavra e um novo amor e afeição pelo nosso cônjuge e pelo Seu povo. Ele estava mesmo colocando um novo amor em meu coração, haja vista “as ferramentas” que Ele usara para ajudar na minha queda.
A terceira estação: Ele nos restaurará

domingo, 23 de agosto de 2009

A primeira estação: retornar

Taguatinga-DF
Foto: Diógenis Santos

Vejo nesta passagem três estações envolvidas no processo de restauração. Como Noline e eu começássemos a passar por estas três estações juntos, através da sábia direção de Mike e Marilyn, nossas suspeitas foram confirmadas. A primeira estação do arrependimento, quando deveríamos voltar para o Senhor foi a mais difícil. Tivemos que suportar a tempestade, para que o verdadeiro remorso, que leva ao arrependimento genuíno, fosse gerado. Todos temos duas escolhas quando encaramos a disciplina ou a poda do Senhor. Podemos andar pelo caminho da obediência e responder rapidamente ao Espírito Santo em sua primeira chamada, ou podemos fazer coisas da forma mais difícil- como eu sempre fizera. Os corações rendidos são disciplinados, mas os corações endurecidos devem ser quebrados para que haja libertação. Como ovelhas veradadeiras do Seu pasto devemos chegar ao arrependimento. Embora eu tivesse gasto a maior parte da minha vida adulta procurando por um “outro caminho”, eu tinha finalmente percebido que Deus realiza isso apenas de uma forma – a forma que ele estabeleceu na sua Palavra.

A segunda estação: Ele nos ressuscitará

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Discipulado


Foto: Diógenis Santos

Aquele primeiro ano tornar-se-se-ia a “escola de discipulado” que nunca tivéramos no passado. Foi dirigida por pessoas que realmente nos amavam e desejavam perseverar conosco mesmo que eu os levasse ao seu limite. Eram diferentes de quais quer pessoas com quem eu me relacionara, e levou tempo para eu confiar neles, inteiramente, em certas áreas.
Uma dessas áreas era o meu relacionamento com imagens autoritárias. No passado, eu ficava com um grande nó no estômago cada vez que era chamado para uma visita ao escritório do pastor principal. Eu não tinha idéia do que aconteceria e isso me desgastava e finalmente resultava em úlcera. As primeiras vezes que ouvi a voz do Mike gritar em meu escritório:
-Neil, venha aqui ao meu escritório.
Sentia o nó bem familiar apertar dentro de mim.
Relutantemente, eu deixava o que estava fazendo e ia para o escritório dele, temendo o pior. Quando eu dava o primeiro passo dentro da sala dele, ele dizia algo como por exemplo:
-Sente-se. O que você acha que nós poderíamos fazer aqui nessa cidade?
Eu não podia acreditar que Mike estava solicitando minhas idéias ao invés de cair em cima de mim por alguma coisa errada que eu tivesse feito. Que mudança bem-vinda! Eu descobriria que essa atitude era típica de Mike Phillipps. Vagarosamente comecei a confiar nele. Ele e Marilyn nos amavam e isso era demonstrado nas horas boas e também nas repreensões, correções e instruções. Tenho sempre admirado seus esforços em serem francos e transparentes no jeito de lidar com os outros. O lema deles é “Aquilo que você vê é a realidade”. Não havia portas secretas com eles e eles não aceitariam isso de nossa parte.
Os relacionamentos genuínos são formados e moldados no fogo, na bigorna da vida. Assim é com o caráter divino, a fibra que Deus usa para construir o Seu Reino. Infelizmente, embora eu possuísse muitos dons que me mantinham na ativa, eu tinha pouca fibra ou caráter divino. Quando estava na mira do revólver, eu “justificava” constantemente as minhas ações ao invés de assumir a responsabilidade. Eu também deixava de lado os meus verdadeiros sentimentos quando era confrontado sobre as pessoas que haviam me ferido. Por exemplo, podia dizer a Mike e Marilyn, depois que alguma questão tivesse tocado num ponto dolorido:
-Bom, vocês deviam ter visto o que eles fizeram!
No entanto, cada vez, os Phillipps traziam-me de volta novamente para o ponto crucial da questão: Deus estava lidando com o meu pecado – e não com os pecados do pastor principal, da mulher do pastor ou de outros líderes da igreja. Eu agradecia profundamente essa disciplina necessária. Como nos mostram as Escrituras:
Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina com efeito, no momento não parecer ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. Heb. 12: 10-12
Da mesma forma, a disciplina é dura e o processo é doloroso, mas a conseqüência disso tudo é paz e justiça. Eu ansiava profundamente por ambas, embora pensasse, às vezes, que nunca sobreviveria ao processo. As verdadeiras questões da minha vida estavam na bigorna não por escolha própria. Minha situação pode ser descrita melhor através das palavras de Jesus dirigida aos seus discípulos no Jardim do Getsêmani: “o espírito está pronto, mas a carne é fraca” Mat. 26:41.
A mão de Deus havia me colocado em Sua fornalha ardente da purificação. Eu deveria permitir que o Seu fogo queimasse minhas impurezas e que o seu martelo esmagasse cada imperfeição que não estivesse de acordo com a Sua Palavra e com o Seu destino para minha vida. Sabia que Ele não abrandaria até que eu pudesse finalmente deixar o passado de uma vez por todas. Ele seria persistente até formar e cravar a imagem de Seu filho em meu caráter. Estava deteminado a colocar amorosamente os laços de amor real e o caráter divino em mim para manter-me forte e seguro em minha aliança de casamento com Noline. Foi através desse processo doloroso e lento que Deus começou a operar em mim a justiça de Seu filho.
O profeta Oséias revelou o triplo plano de Deus para trazer Seus filhos errantes de volta à sua herança n’Ele:
Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou, e nos sarará: fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias nos revigorará; ao terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele.
A primeira estação: retornar

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mudança para Colorado


Foto: Diógenis Santos

Os Phillipps concordaram em supervisionar o ano de disciplina exigido de nós pelos líderes de nossa igreja. Isso significava que teríamos que vender nossa casa e nos mudar para o Colorado. Pouco depois de Noline e eu termos “tirado licença” do ministério em 1987, fomos par ao Colorado juntarmo-nos a eles para uma cura e uma ministração pessoal desesperadamente necessária.
Não havia garantias financeiras e eu teria que procurar um emprego tão logo chegássemos em Denver. Dessa forma, quando chegamos, ajudamos a reformar a parte debaixo da casa vizinha dos Phillipps. Quando acabamos, o andar de cima tornou-se a nossa casa e a parte de baixo o escritório do ministério pelos próximos dois anos. Então , para que não tivéssemos que procurar um serviço secular, os Phillipps nos integraram à sua equipe de escritório. Lá aprendemos muitas atividades novas e evoluímos de nossa total ignorância quanto à informática para o desenvolvimento da habilidade de trabalhar com dados e informações. Se a minha reeducação tivesse sido tão fácil quanto isso...
Simpatia versus empatia
Fui para o Colorado, achando que os Phillipps seriam amigos simpáticos que estariam ao meu lado, em minha situação de angústia miserável. A atitude deles foi muito diferente da que eu imaginara. Descobri que, embora eles nos amassem verdadeiramente, seu ponto de vista sobre nossa cura era diferente do meu. Tudo que eu tentava “justificar” ou “descartar” na presença dos Phillipps era contestado e era disso exatamente que eu precisava. Nunca conhecera alguém que gastasse tempo para contestar tudo que eu fizesse. Considerei o ensino deles como a diferença entre empatia e simpatia.
Qual é a diferença entre as duas? Se você anda pela sua cozinha depois de uma festa com os convidados e vê toda a louça suja amontoada na pia, a simpatia dirá:
-ah, querida, que duro você ter tanta louça para lavar! Ficarei aqui perto fazendo companhia enquanto você a lava, sinto muito por você não ter uma lava-louça.
A empatia, ao contrário dirá:
- Vamos fazer uma coisa: você lava e eu enxugo. Vamos acabar num instante.
Empatia como palavra significa colocar-se no lugar do outro, sentir o que o outro está sentindo; e, como um conceito espiritual é tornar-se parte da solução do problema do amigo.
A seguir:
Discipulado

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

NEIL: O Oleiro Mestre (continuação)


Foto apenas ilustrativa
Foto: Diógenis Santos
NEIL:
Nos dias que se seguiram tive a oportunidade de examinar minha vida passada com detalhes. Uma das coisas que parecia ajudar a explicar a razão pela qual eu tinha caído pela segunda vez era que eu não tinha realmente me arrependido do meu pecado, apenas senti por ter sido desmascarado. O apóstolo Paulo escreveu para os coríntios:
Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta vos contristou por breve tempo),agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. 2 Cor. 7:8-10
Como se fossem inúmeros ofensores diante de mim, tentei usar o remorso ou o arrependimento para me libertar do pecado escondido. Eu realmente sentia muito por ter sido pego. Eu sentia pelo adultério ter acontecido. Eu estava arrependido por ter machucado tantas pessoas ao longo do caminho, mas eu tinha que aprender pelo caminho mais difícil que o remorso não é o suficiente porque ele não traz a liberdade! O arrependimento deve ser verdadeiro. Quando o arrependimento é ignorado, você é deixado num estado de esquecimento, isento do poder para sair de sua prisão. Por isso, é sempre conduzido ao pecado de novo.
As Escrituras declaram:
Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério... Atos 3:19-20
De repente, comecei a perceber que aquilo através da qual Deus estava pedindo para eu andar no processo de “quebra” eram as barras de ferro da minha própria prisão! Não era de se admirar que eu não conseguira nenhuma “brecha” com o Senhor. Minha própria recusa em arrepender-me não me levou a nada exceto a tornar-me um prisioneiro esquecido em uma cela. De alguma forma eu sabia que, quando eu fizesse as coisas na maneira de Deus, mesmo sendo o caminho mais difícil pelo qual eu andaria, finalmente estaria livre! Eu não tinha percebido ainda que o Seu plano envolvia o processo de moer e quebrar – trazer-me ao arrependimento verdadeiro. Só então eu poderia começar a andar fora da jaula construída por mim mesmo.
Por anos eu preguei incontáveis sermões sobre o arrependimento genuíno, mas até aquele momento esse assunto não tinha ultrapassado o meu entendimento racional. Agora eu estava aprendendo “de primeira mão” que o arrependimento envolve mais do que simplesmente admitir o erro. O arrependimento de Deus requer que nos aborreçamos do pecado e uma virada de 180 graus em direção contrária ao pecado. Deus ordenava, então que eu vivesse um estilo de vida que envolvesse o verdadeiro arrependimento.
Eu estava admirado com a profunda graça de Deus. Embora tivesse tentado evitá-Lo e até mesmo mentido para o Seu povo, encontrava-me agora andando por um caminho que me levava à vida após um resgate liderado pelo próprio Deus! Ele havia escolhido as pessoas para trabalharem a Sua salvação nos lugares mais profundos de minha vida. Ele tinha ouvido minhas súplicas desesperadas por piedade e tinha me resgatado de minhas próprias fraquezas. Que Deus maravilhoso nós servimos! Dou a Ele toda glória e louvor.
A seguir:
Mudança para Colorado

domingo, 16 de agosto de 2009

NOLINE: O Oleiro Mestre

/>Vaso novo
Foto: Diógenis Santos

Depois daquele culto de domingo a “outra mulher” confrontou Neil e ele confirmou que havia me contado sobre o caso. Ela foi imediatamente ao pastor principal e naquela quinta-feira Neil e eu fomos chamados a uma reunião de presbíteros para sermos confrontados sobre tais alegações. Eu estava contente por ter revelado a Neil a palavra que o Senhor tinha dado para ele através de mim. Eu disse a ele:
- Neil, isto é obra do Senhor. Não se defenda. Simplesmente permaneça em silêncio durante todo o processo.
Agimos dessa forma, embora fosse uma experiência humilhante e vergonhosa. Todos olhavam para meu marido, sabendo que ele tinha sido infiel e eu odiava imaginar o que eles estavam sentindo em relação a ele. Seria repugnância e descaso? Ou eles simplesmente sentiam vergonha e descrédito? Tudo o que eu sabia era que nós íamos encarar as conseqüências desse pecado juntos.
Meu único consolo era saber que Deus estava no controle. Na semana seguinte, Neil tinha sido publicamente exposto tanto no culto do domingo de manhã como na reunião da quarta-feira à noite. Ele ficou arrasado por ficar fora do ministério que ele tanto amava e ficou sob uma disciplina severa. Ele já não tinha permissão de sentar-se na fileira da frente. Tinha que encontrar um lugar em meio à congregação, o que fora uma humilhação para ambos.
Foi tão difícil nos levantar no domingo seguinte, sabendo que teríamos que encarar todas aquelas pessoas novamente com seus olhares e pelo desconforto de terem que conversar conosco. O que elas podiam falar? Como elas reagiriam conosco? Foi tão desconfortável e terrível que me senti como se estivéssemos com lepra! Nossos filhos não sabiam o que tinha acontecido; eles apenas sabiam que seu pai estava em agonia por algum problema desconhecido. O Senhor lembrava-me repetidamente de que Ele estava fazendo aquilo e era Seu desejo quebrantar Neil para que, como Oleiro Mestre, Ele pudesse então usar uma argila mais macia e manipulável na roda giratória para o preparo no processo de remodelagem.
O meu conselho e recomendação para todas as mulheres que têm dúvidas ou suspeitas sobre seus maridos é buscar a Palavra de Deus. Peça a deus para dar uma “visão de fé” para seu marido. Peça a Ele para mostrar como Ele vê seu marido e qual é o Seu ponto de vista. Então, escreva aquilo que Deus lhe disser e creia em Suas palavras – a despeito das circunstâncias. Fique firme na Palavra e permita que Deus faça o Seu trabalho completo em seu marido. Isso a fortalecerá – mesmo se o seu mundo parecer estar ruindo sobre você.
NEIL:

sábado, 15 de agosto de 2009

O sopro final

Foto: Diógenis Santos
Após ter contado a Noline sobre o meu segundo adultério, ficamos ambos bem sensíveis. Precisávamos de tempo e espaço para permitir que o bálsamo curador de Deus trabalhasse em nosso casamento desestruturado e em nossas vidas feridas: mas o tempo e o espaço não viera da forma que esperávamos. Como dividíamos o púlpito com o pastor principal, a quem eu houvera convidado para trabalhar comigo, tínhamos uma escala para cada domingo. Era a minha vez de pregar naquela manhã fatal de domingo, quando declarei publicamente que, pela primeira vez em cinco anos, “não havia absolutamente nenhum segredo escondido entre minha esposa e eu. Somos totalmente transparentes um com o outro.”
O confronto inevitável com minha amante e a desgraça pública vieram rapidamente. Eu falhara em aprender uma das lições mais importantes que todo líder deveria saber e respeitar: todos nós precisamos de outros para nos ajudarem a reconhecer as áreas de cegueira em nossas vidas. O ato de prestar contas entre os irmãos permite que a fraqueza e o pecado sejam rapidamente desmascarados, quando ainda podem ser tratados em particular, antes que outras pessoas sejam feridas. Quando não existe o hábito de se prestar contas, o Espírito Santo precisa agir trazendo uma dor muito maior e a correção pública aos filhos de Deus.
Ao enfrentar a congregação na noite da quarta-feira seguinte, percebi que aquilo era um encontro com o destino que eu já não podia mais evitar. O pecado que eu confessara para minha esposa em particular estava agora destinado a se tornar algo público. Quando os presbíteros expuseram a verdade sobre o meu passado de adultério, minha parede de engano, cuidadosamente construída, caiu em ruínas. Fui considerado, então, publicamente mentiroso e adúltero. Eu havia sido desmascarado e estava exposto e demolido. Em minha miséria, naquela noite, eu não havia percebido, mas naquele momento todas as minhas mentiras tinham sido extraídas de mim – uma vez que a pretensão fora removida e a necessidade de ocultar as minhas culpas desaparecera – finalmente eu podia dar um passo em direção à graça de Deus. A minha carne fora crucificada naquela noite. Assim que o meu pecado fora revelado perante todos, Satanás perdeu uma de suas fortalezas mais poderosas sobre a minha vida. Eu vinha “dando lugar” a ela através de meus artifícios contínuos para esconder o meu pecado. Agora ele estava descoberto diante de todos e Satanás perdia sua arma mais poderosa contra mim. O primeiro estágio de “arrancar e derrubar” estava completo. Agora o Senhor começaria o processo de reconstrução.
Não foi fácil
Não foi fácil. Naquela noite senti-me como um homem sendo linchado pelos vigilantes. Embora eu tenha culpado os presbíteros da igreja, fora Deus quem havia exterminado o meu pecado escondido de adultério e a prolongada decepção. Levaria quase dois anos inteiros para que as escamas da raiva e da amargura caíssem totalmente dos meus olhos, dois anos até que eu pudesse admitir que o problema não era a liderança da igreja, dois anos para admitir que meus problemas haviam sido causados devido a minha própria culpa. Levaria ainda mais um tempo para que eu começasse a realmente viver sem a decepção.
Sem eu saber, Deus já havia preparado um programa de “desintoxicação” para a minha vida e eu já conhecia o diretor do meu programa de restauração espiritual. Eu seria restaurado biblicamente sob a forte liderança de Mike e Marilyn Philipps, os instrumentos que Deus usou para ajudar-me a, finalmente, confessar o meu pecado para Noline.
Deus enviou corvos para alimentar o seu profeta nas horas de sequidão; Ele mandou anjos para protegerem os Seus discípulos nas horas de perigo; e Ele colocou Mike e Marilyn que, então, tornaram-se nossas fontes de refúgio e cura. Nas semanas que se seguiram, após aquela dolorosa noite de quarta-feira, eu realmente acreditei que todos os problemas de minha vida haviam sido causados unicamente por mim, mas os Phillipps me apoiaram e me escutaram inúmeras vezes. Gastamos horas ao telefone com eles enquanto nos instruíam sobre o que fazer com nossas vidas despedaçadas. Grande parte da minha cura e da nossa restauração deu-se através da constante supervisão e do equilíbrio de nossos líderes e amigos. Hoje eu sei que eles foram literalmente as mãos de Deus estendidas a duas pessoas feridas.
A parte mais interessante da graça de Deus em nossa crise é que Ele alcançou-me e resgatou-me. Eu podia entender os Seus cuidados para com Seus profetas e apóstolos, mas era muito difícil entender porque Eles ajudariam um “ninguém” que havia falhado tanto, enquanto fingia ser bem-sucedido a todas as pessoas. A minha oração era para que o valor da misericórdia e da graça que Noline e eu temos compartilhado possa reassegurá-lo que a graça de Deus está estendida para todos os seus filhos – incluindo você, se você humildemente procurá-lo.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Capítulo 10 - Humilhação esmagadora e reabilitação carinhosa


Foto: Diógenis Santos
Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó. Luc. 20:18
NEIL:
Se apenas a confissão do meu pecado tivesse resolvido a causa dele e não apenas os resultados! O texto diz "ficará reduzido a pó". Com Deus temos apenas duas escolhas: podemos escolher sermos quebrados pela Palavra ou Ele nos reduzirá a pó. Isso pode soar um tanto primitivo para nós, homens modernos mas Deus, o Oleiro Mestre, não pode moldar-nos em vasos como Ele deseja se houver impurezas.
Quando, verdadeiramente nos permitimos ser quebrados totalmente, através do poder convencedor do Espírito Santo e da Sua Palavra, Deus é capaz de nos moldar sem que precisemos passar pelo "processo de quebra". Este, é claro, é o melhor caminho. Porém, não foi o meu caso,pois eu tinha me recusado a obedecer-Lhe inteiramente mesmo com os muitos estímulos e sopros do Espírito Santo.
O profeta Isaías declarou:
Pelo que assim diz o Santo de Israel: Visto que rejeitais esta palavra, confiais na opressão e na perversidade, e sobre isso vos estribais, portanto essa maldade vos será como a brecha de um muro alto, que, formando uma barriga, está prestes a cair, e cuja queda vem de repente, num momento. O Senhor o quebrará como se quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o sem nada lhe poupar; não se achará entre os seus cacos um que sirva para tomar fogo da lareira ou tirar água da poça. is. 30:12-14
Minha parede de mentiras e engano estava para ser derrubada. Se eu apenas tivesse dado ouvidos ao Senhor na primeira advertência, na primeira correção de Suas amorosas mãos, eu não teria que passar por essa quebra! Aos olhos humanos, parecia que eu estava visualizando um desastre total, mas eu tinha que confiar no Senhor e crer que Ele sabia o que estava fazendo e que a Sua promessa me manteria firme durante o período de quebrantamento. Mesmo quando o meu mundo começou a desmoronar na frente de todos, eu tinha a promessa de que Ele estava comigo. Repetidas vezes eu O ouvira falar e saberia que eu estava no caminho certo.Embora o Senhor vos dê pão de angústia e água de aflição, contudo não se esconderão mais os teus mestres, os teus olhos verão os teus mestres. Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele. Is. 30:20-21
A humilhação pública que eu seria forçado a suportar seria seguida de um período de novo treinamento e Deus estava para mostrar-me os Seus mestres, aqueles a quem Ele havia escolhido para o meu reaprendizado.
A seguir:
O sopro final

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Jesus não prometeu amnésia

Foto: Diógenis Santos
Até hoje não sei se Noline e eu estamos cem por cento curados do passado. Tudo o que sei é que podemos tocar nas áreas afetadas sem sentirmos dor. As feridas acabaram e apenas as cicatrizes permanecem. Jesus não disse que Ele permitiria que tivéssemos amnésia, mas disse que curaria a nossa dor e as nossas feridas.
O pecado que nos separava havia sido removido e sabíamos que Deus começaria a nos moldar como uma só carne novamente. Após ter exposto o adultério, o Senhor trouxe à minha mente uma profecia que fora dada a nós há alguns anos, que dizia:Deus os tomará como os dois ponteiros de um relógio e os porá em sincronia. Ele os tornará um. As pessoas verão que vocês estão na mesma sincronia de Deus e de um para o outro.

Senti que o cumprimento daquela profecia era bem claro. Eu ainda não estava totalmente restaurado. Eu havia dado um primeiro passo importante, mas haviam outros passos esperando por mim. Embora tivesse confessado o meu pecado para Noline eu não havia lidado com o sentimento de decepção que havia dominado a minha vida por anos. Não interessava o quanto eu justificasse a mim mesmo e enganasse os outros, eu não podia enganar o meu próprio coração ou o de Deus. Eu fora perdoado por Deus, mas precisava ser remodelado pelas mãos do Oleiro. O Oleiro Mestre tinha que trabalhar muito mais em meu coração. Porém, eu estava contente por ter procurado a Sua ajuda.

a seguir: Capítulo 10 - Humilhação esmagadora e reabilitação carinhosa

terça-feira, 4 de agosto de 2009

NOLINE e NEIL


Foto: Diógenis Santos
NOLINE:
Deus é tão fiel a nós. Sua Palavra é a nossa força em tempos de fraqueza. Eu pouco sabia que Deus estava quebrando o coração do Neil para aniquilar o pecado de sua vida! Numa manhã bem cedo, quando acordei, descobri que Neil já havia se levantado e estava em seu escritório fazendo o seu devocional. Eu não tinha idéia de quanto tempo ele estivera lá, mas acendi a luz e comecei a ler a Bíblia. Mais ou menos às 5 horas ele voltou e sugeriu que orássemos juntos.
Enquanto estávamos orando, ele descarregou sobre mim um bombardeio emocional, ao abrir o seu coração e confessar que havia se encontrado com Deus em seu escritório de uma forma sobrenatural. Nesse encontro, o Senhor pediu-lhe que confessasse a mim que estivera envolvido em um segundo caso de adultério pouco depois do primeiro e que escondera de mim todo este tempo.
Fiquei chocada. Quando ele me contou quem era a mulher, quase morri! Ela tinha se tornado uma de nossas melhores amigas, tinha ficado em nossa casa, tomado refeições conosco e até cuidado de nosso filhinho enquanto saíamos. Eu confiei nela. Como ela pôde me enganar desta forma?
Derramei-me em lágrimas mas, inesperadamente, Neil também. Há séculos não o via chorar. Nós choramos e oramos juntos e ele pediu-me para colocar as mãos sobre ele, para orar por ele, perdoar-lhe e repreender o espírito de luxúria que o oprimia. Deus tinha sido fiel em preparar-me para aquilo através da Sua Palavra, de forma que não me desmantelei em pedaços como há cinco anos atrás. Durante aquele tempo, o Espírito Santo havia colocado em meu interior paz e confiança.
O que realmente me ajudou foi a atitude de Neil. Eu vi não apenas um arrependimento, mas um quebrantamento que jamais vira antes. Dois dias depois, senti que era tempo de compartilhar a escritura que eu tinha guardado durante o tempo que Deus estivera trabalhando na vida de Neil. Tínhamos estado em um treinamento de final de semana do MMI e havíamos completado quatro grupos do curso de treze semanas. Isto nos dera a chance de trabalhar em muitos dos princípios da apostila e ajudou-me a não ficar arrasada com tal revelação como ocorreu na primeira vez.
Mesmo tendo sido preparada pelo Senhor, havia ainda uma ferida. Aquele mesmo sentimento conhecido e impróprio, de que eu fora incapaz de preencher as necessidades de meu marido, afloraram dentro de mim. A raiva, a falta de perdão e o ressentimento encheram minha mente. Eu sabia que deveria permitir que Deus começasse a curar as minhas feridas e o desapontamento imediatamente. Apesar da dor, eu estava aliviada pela verdade ter vindo à luz e por podermos enfrentar o futuro juntos.
A seguir:
NEIL:
Naquela noite, eu e Noline fizemos um acordo para o resto de nossas vidas: demos um ao outro o direito exclusivo para falar e perguntar qualquer coisa, a qualquer hora. A minha resolução era simples: - da mesma forma como eu fizera parte do problema, agora eu seria parte da solução. Eu nunca mais iria permitir que o diabo mentisse para mim e dissesse que minha mulher estaria me acusando toda vez que ela tocasse no assunto sobre tentação sexual ou pecado. Ela deveria ter muitas perguntas e nem sempre exigiria uma resposta. Algumas vezes ela precisaria apenas que eu a abraçasse, assegurando a continuidade do meu amor e que orasse por ela.
Não é suficiente confessar o erro para o cônjuge e então esperar que ele jamais comente o assunto. Com certeza, ele está sob o sangue de Jesus agora. Com certeza está nas profundezas do mar do esquecimento. O cônjuge ferido precisa de oportunidade para esclarecer o problema em seu próprio coração e mente. Se não, ele se tornará um prisioneiro da dor da confissão, não encontrando saída para o desapontamento, feridas e marcas infligidas. Esta vítima inocente é literalmente presa pela viva imaginação daquilo que ela acredita ter ocorrido entre o cônjuge e a outra pessoa. Isso não somente é desleal como injusto! Por exemplo, Noline precisava saber quem era a outra mulher para que futuramente ela não olhasse para todas as outras mulheres com suspeitas.
Não fizemos uma coisa. Embora tenhamos falado abertamente sobre quando e onde meu pecado acontecera, ambos concordamos que os detalhes do pecado nunca seriam discutidos. Eu estava envergonhado do que fizera e preferia esquecer-me dos detalhes sangrentos, ao mesmo tempo em que Noline não queria imagens vivas do meu pecado em sua mente. Então deixamos isso com Deus.
A cura leva tempo, mas Deus é o médico. Jesus disse que Ele veio para curar aqueles que estavam feridos (Lucas 4:18). As feridas, às vezes, levam muito tempo para serem curadas e a menor pancada na área machucada pode causar uma dor tão grande como a de um novo machucado. Da mesma forma, como ocorre no físico ocorre na alma: tanto as feridas físicas quanto as emocionais requerem tempo para uma cura apropriada.
A seguir:
Jesus não prometeu amnésia

domingo, 2 de agosto de 2009

Uma visita durante a noite

Foto: Diógenis Santos

Uma noite, pouco tempo depois, eu não conseguia dormir me agitando e virando na cama já um bom tempo depois de ter me deitado. Parecia que eu estivera lutando para dormir a noite toda. Às três horas da manhã, desisti de lutar contra a insônia e decidi descer e orar. Eu não pensei que receberia qualquer revelação de Deus. Na realidade, eu duvidava de que Ele quisesse conversar comigo, pois fazia um bom tempo que as minhas orações pareciam não passar do teto. Calculando que eu não tinha nada a perder, fui para o meu escritório, ajoelhei-me e comecei a orar.
Quase que imediatamente, o escritório inteiro começou a brilhar com a presença do Senhor. Ouvi o Senhor falar comigo, não em voz audível, mas em meu coração e em meu espírito:
- Você gosta da Minha presença?
Respondi:
- Sim Senhor, tenho esperado tanto por esse dia. Parece que estou esperando uma eternidade para ouvir a Sua voz.
Então o Senhor replicou:
- Vá e conte à sua esposa sobre o seu adultério.
Reagi em autodefesa:
- Não posso!
Então, tão rápida como surgira, a presença de Deus desapareceu. Desfalecido, clamei:
- Senhor, não posso viver como tenho vivido esses últimos cinco anos e meio!
Novamente a presença do Senhor apareceu e meu escritório brilhou. Novamente ouvi a voz do Senhor falando ao meu coração:
- Você gosta da Minha presença? E de novo respondi afirmativamente.
Então Ele disse pela segunda vez:
- Vá e conte à sua esposa sobre seu adultério.
Eu simplesmente não tinha forças para fazer tal coisa. Eu “lembrei” o Senhor sobre a reação da primeira vez que confessei – Ele podia ter se esquecido. A presença do Senhor surgiu e desapareceu por várias vezes enquanto Ele continuava a trazer-me para mais perto de Si pedindo sempre a mesma coisa.
Finalmente, às cinco horas me entreguei e me submeti ao Seu desejo, ou.quase. Eu disse ao Senhor que confessaria a Noline se Ele me desse um último sinal. Eu confessaria se Noline estivesse acordada com a luz de sua cabeceira acesa. Eu tinha certeza de que aquilo nunca iria acontecer, pois Noline não é do tipo que gosta de acordar cedo. Ela é como um submarino imerso no fundo do mar que leva uma eternidade para vir à tona. Eu tinha a certeza absoluta de que ela estaria dormindo às cinco horas, em um dia de inverno, enquanto lá fora tudo estava escuro. Não havia possibilidade dela estar acordada.
Apaguei a luz de meu escritório, subi as escadas que davam na cozinha e, de forma confiante, comecei a andar pelo corredor que terminava na porta do nosso quarto. De repente, meu coração disparou e minha boca secou, enquanto eu era inundado por uma onda de pavor. Eu não podia acreditar no que meus olhos viam! A luz do abajur de Noline estava acesa! Eu podia vê-la através da fresta debaixo da porta. Deus me passou a perna! pensei. Há poucos minutos, eu estivera tão confiante e agora minhas mãos estavam tremendo. No início eu tinha forças apenas para tocar na porta ao invés de abri-la. Toda a minha coragem havia simplesmente desaparecido.
Ela não poderá me apunhalar
Ao abrir a porta vagarosamente, ao invés de encontrá-la dormindo, Noline estava lendo sua Bíblia. Dei um sorrisinho amarelo, enquanto sentia toda a coragem desaparecendo, mas ao menos consegui dizer:
- Querida, você gostaria de sentar-se aqui no carpete e orar um pouco?
Pensei comigo mesmo, Se eu conseguir que ela fique aqui no chão, ela não conseguirá apunhalar-me com a tesoura. É interessante como conseguimos ter pensamentos tolos em períodos de crise!
Depois de alguns minutos em oração, eu disse para Noline:
- Tenho uma coisa que gostaria de compartilhar com você.
Então, pela primeira vez, em mais de cinco longos anos de angustia através de uma confissão arrependida, meu pecado escondido foi trazido à luz. Noline debulhou-se em lágrimas: mas desta vez, para minha surpresa eu estava chorando também. Eu não derramava lágrimas há anos. Conversamos e choramos durante um tempo que parecia séculos. Noline terminou a nossa conversa colocando suas mãos amorosas em mim e fazendo uma oração de perdão e cura.

A seguir:
As palavras de Noline em relação a esse epsódio:
NOLINE:

sábado, 1 de agosto de 2009

Por que você não confessa primeiro?


Foto: Diógenis Santos

De alguma forma eu senti que aquela era a minha chance de livrar-me da culpa que eu vinha suportando por tanto tempo e eu estava ansiando pela oportunidade de ficar sozinho com Noline para conversarmos. Pensei em testar primeiro perguntando para Noline:
- Você tem algum pecado escondido em sua vida que precisa confessar a mim e a Deus?
Na realidade, eu até desejava que ela respondesse sim. Se eu conseguisse encontrar um meio de demonstrar que eu não era o único pecador, talvez aquilo pudesse ajudar a justificar a minha culpa. Assim, se ela confessasse mesmo alguma coisa, seria muito, muito mais fácil para mim.
Para minha decepção, ela riu respondendo que não. E rapidamente passou a bola para mim quando falou:
- Mas, e você?
Eu pretendia confessar naquele momento, mas subitamente fiquei sem fala. Minha boca ficou seca e as palavras pareciam grudar em minha garganta.
- Não, respondi fracamente.
Agora, supostamente, estávamos em pé de igualdade já que cada um estava livre de seus pecados passados; mas, na realidade, meus pecados estavam apenas se amontoando.
Eu disse a mim mesmo que a mentira havia sido necessária devido às conseqüências e dores de minha primeira confissão de adultério. Eu não podia me esquecer da grande confusão que ela trouxera ao nosso casamento e relacionamento e quanto tempo demorou para superarmos. Eu simplesmente não podia fazer aquilo de novo. A verdade, no entanto, era que eu sabia o que precisava fazer, mas estava com muito medo de fazê-lo.
O fim de semana terminou sem nenhuma resolução para o meu dilema. Voltamos para casa e entrei em profunda agonia. Por várias vezes me recordei daqueles dias e pensei na oportunidade perdida de remediar as coisas. Várias vezes perguntei a mim mesmo a razão de não ter aberto o meu coração para aquelas pessoas maravilhosas que estavam lá para ajudar-nos.
- Pelo menos Mike e Marilyn me protegeriam contra a fúria mortal da Noline, dizia a mim mesmo, sarcasticamente.
Mas aquilo não era brincadeira. Eu realmente perdera uma grande oportunidade de libertar-me.
Quando já havíamos dado nosso quarto curso Casados para Sempre, crescia em mim um desejo muito forte de livrar-me de minha culpa. Pouco imaginava quão perto eu estava do maior encontro com Deus já experimentado desde o momento em que fora salvo e batizado no Espírito Santo.
A seguir:
Uma visita durante a noite