terça-feira, 30 de junho de 2009

Recuperação


Foto: Diógenis Santos

Uma vez que o Senhor removera a barreira da falta de perdão e da raiz de amargura de meu coração, comecei a orar por Neil e pela outra mulher, sem o sentimento de raiva ou ressentimento. Continuei a ler livros sobre o assunto de falta de perdão e a encher minha mente e coração com a Palavra. Logo pude reconhecer que Deus amava Neil e a outra mulher do mesmo jeito que Ele me amava. Reconheci também que o meu pecado de falta de perdão tinha sido tão errado quanto o pecado deles de adultério. Agora que eu havia colocado isso em meu coração, sabia que estava livre para receber um milagre do Senhor para Neil e para mim mesma – e para nossas crianças e nosso casamento. Nós tínhamos obedecido ao Senhor, Neil confessando seu pecado e eu perdoando.

Capítulo 7 – O segundo gole fatal

domingo, 28 de junho de 2009

A jornada mais longa

Foto: Diógenis Santos

Então o Espírito Santo falou novamente ao meu coração:
- Quero que você faça mais uma coisa: tome seu marido em seus braços e abrace-o. Bom, uma coisa era liberar a amargura, mas agora Ele estava indo longe demais. É claro que eu não tinha que fazer isso! Não era o suficiente eu ter sido obediente em oração ao Senhor? O que o Senhor estava me pedindo para fazer anularia todo o meu poder sobre meu marido. Pior ainda, eu sabia que ele iria querer ter relações sexuais comigo e eu não sabia se estava pronta para aquilo ainda. Não sei quanto tempo fiquei lutando com o Senhor, mas finalmente me dispus a fazer o que ele desejava que eu fizesse.
Neil estava de costas para mim. Centímetro por centímetro fui movendo-me naquele espaço que nos separava, achegando-me para mais perto dele. Aquela jornada do meu lado da cama para o dele foi a mais longa que fiz em toda a minha vida. Sentia-me como se estivesse morrendo para o orgulho a cada centímetro que me movia para perto dele.
Após um tempo que parecia uma eternidade de travessia para o lado da cama de Neil, coloquei meus braços ao redor dele, simplesmente, abracei-o forte. Ele acordou, mas sem a mínima idéia do que estava acontecendo. Ele não sabia o que o Senhor estivera fazendo em meu coração porque eu não havia compartilhado nada com ele sobre aquilo. Ele estava assustado demais para se mover e ficou parado, naquela posição a noite toda enquanto eu o abraçava.
Tenho que admitir que gostei daquilo!
A seguir:
Recuperação

sábado, 27 de junho de 2009

Uma raiz de amargura

Foto: Diógenis Santos

O tempo que eu gastei com a falta de perdão e com o ressentimento abriu a porta para outro problema. Eu tinha permitido que a semente de amargura caísse no solo e germinasse. Eu não tinha consciência desse fato até uma noite em que eu estava na cama de costas para Neil e o Espírito falou a mim:
- A salvação para o seu casamento está em suas mãos, depende do seu desejo em arrancar essa raiz de amargura.
Pensei, então, no ensinamento de Hebreus:
"Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando diligentemente por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e, por meio dela, muitos sejam contaminados". Heb. 12:14-15
Quando uma raiz é pequena, é fácil arrancá-la. Porém, quanto mais comprida ela fica, mais difícil é arrancá-la. Eu sabia que se recusasse lidar com a amargura em meu coração, ela cresceria e invadiria cada área de minha vida, afetando a mim, as crianças e a todos com quem eu mantivesse contato. A amargura esmagaria qualquer sentimento que tivesse restado entre mim e Neil tornaria a reconciliação algo impossível.
Eu estivera junto de pessoas amarguradas antes e sabia que não era uma experiência agradável. Após ficar na presença delas por alguns minutos, eu sempre sentia-me suja e contaminada. Parecia que aquelas pessoas tinham uma forma de espalhar o seu ressentimento em cada conversa. Eu sabia em meu coração que possuía todo o potencial para tornar-me igual àquelas pessoas e aquele pensamento me assustava.
Eu desejava realmente lidar com aquele sentimento no momento? Sabia que não queria a amargura, mas não tinha a certeza de estar pronta para desistir do meu poder sobre Neil. Poderia ignorar a ofensa cometida contra mim? Nos últimos tempos, eu percebera que a amargura iria manter-me aprisionada, sem alívio, marcada para sempre por algo que havia acontecido no passado. Finalmente, sabendo que qualquer outra atitude apenas traria mais dor, abri o meu coração para o Senhor e derramei toda a minha dor e amargura aos pés da cruz. Completamente mergulhada em uma maravilhosa paz que veio sobre mim, pensei, Bom isso é o final de tudo. Agora, talvez eu possa dormir um pouco.
A seguir:
A jornada mais longa

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O divórcio é recomendado

/>
Foto: Diógenis Santos

Vídeo: Situações: Grupo Logos (http://www.youtube.com/watch?v=p76F1JRtslE)

Naquelas alturas, eu finalmente compartilhei o problema com alguém que eu sentia que podia confiar, alguém que eu pensava que pudesse me dar algum conselho confiável. Eu estava tão machucada que, quando esta pessoa mencionou a opção do divórcio, isto soou-me como uma alternativa viável. Meu orgulho apareceu, desejando poupar-me da humilhação proveniente dos erros de meu marido. Sim, pensei, este seria um caminho fácil para o meu problema. Imediatamente, pensei em pegar as crianças e alugar um apartamento na vizinhança.
Por mais tentador que aquilo parecesse, no entanto, eu ainda hesitava. O divórcio soava algo tão radical e teria que ser uma escolha minha já que Neil não o deseja. Decidi esperar e ver o que o superintendente iria dizer, já que eu insistia que Neil telefonasse para ele. Enquanto isso, comprei vários livros que pudessem me ajudar a entender o que estava acontecendo comigo e comecei a ler assuntos sobre o perdão e o encher da mente com a Palavra.
A Bíblia falou ao meu coração, em uma manhã em particular, durante o meu momento de devocional.
Porque se (Noline) perdoardes aos homens (Neil e a outra mulher) as suas ofensas (seus pecados inconseqüentes e premeditados, liberando-os e deixando o ressentimento), também vosso (Noline) Pai celeste vos perdoará (Noline); se, porém, (Noline) não perdoardes aos homens (Neil e a outra mulher) (as suas ofensas) (seus pecados de inconseqüente e premeditados, liberando-os e deixando o ressentimento), tão pouco vosso (Noline) Pai vos (Noline) perdoará as vossas ofensas (da Noline).
Mateus 6:14-15
Até aquele momento, eu pensava que o perdão era um sentimento. Se eu ainda sentia que odiava ambos após ter orado por eles (e eu orei), então sentia que não lhes havia perdoado. Aprendi naquele dia, no entanto, que o perdão é um ato do meu desejo e não um sentimento. No primeiro momento em que orei e lhes perdoei, a transação havia sido completa – da parte de Deus. Era o meu próprio coração que me condenava através dos meus sentimentos e pensamentos. Na manhã em que esta verdade tornou-se uma realidade para mim, fiquei ciente de que havia perdoado Neil e a outra mulher-indiferente de meus sentimentos naquele instante.
A seguir:
Uma raiz de amargura

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A chance de perdoar

Camocim-CE
Foto: Diógenis Santos

Enquanto leia ouça o vídeo:

Deixa meu rio - (Koinonia) http://www.youtube.com/watch?v=ecvM_op8f20


Fielmente, o Espírito Santo começou a ministrar em meu espírito. Começou com a pergunta:
- Você deseja que esse casamento continue? Como sempre. Ele tinha ido ao ponto principal da questão.
Bom, eu sabia que realmente amava Neil e eu queria que toda essa bagunça acabasse, mas como perdoá-lo por tudo o que tinha feito a mim? Havia dias em que eu o odiava pelo que ele havia feito comigo. Eu queria que ele nunca mais me tocasse ou me visse nua. Eu evitava todo o tipo de contato físico direto com ele e a nossa limitada comunicação verbal era carregada de um tom inflamado.
Com a confissão de seu adultério, eu tinha em minhas mãos um poder sobre ele; e sentia que se o perdoasse imediatamente, perderia esse poder e ele novamente voltaria a dominar-me. Foi uma verdadeira luta para eu me desvencilhar desse pensamente e perdoar.
Mas o Espírito Santo conhecia o meu coração e continuou a falar comigo. Ele não estava interessado em fazer-me feliz. Mais importante do que isso, Ele queria que eu fosse curada.
- Perdoe seu marido, dizia o Espírito Santo de forma doce, porém persistente.
Todos os versículos sobre perdão que eu tinha decorado quando criança, na Escola Dominical voltavam a minha mente. Esses princípios haviam sido reforçados durante os anos de Escola Dominical. Eu cria neles e sabia em meu coração que, no final, eu teria que tomar uma decisão. Naquele momento, entretanto, minhas emoções estavam descontroladas.
Neil tinha agido corretamente confessando o seu erro. Esse é o primeiro passo em direção à cura. Através daquela atitude, ele estava pedindo ajuda, desejando livrar-se de sua armadilha. Então, eu tinha que fazer a coisa certa e perdoá-lo.
Talvez, Neil não tenha feito da melhor maneira. Ele havia soltado a sua confissão sem um preparo de oração e sem esperar o tempo do Espírito Santo. Ele não aproveitou a oportunidade para orarmos juntos, ou para buscarmos a face do Senhor juntos antes de começar a confissão. Ele simplesmente abriu as comportas e eu fui pega pela correnteza. Mesmo tendo sobrevivido ao choque inicial, eu ainda sentia-me despedaçada com o bombardeio.
No momento, porém, a responsabilidade estava em minhas mãos, e cabia a mim decidir o que fazer. Eu tinha ouvido alguém dizer que a falta de perdão era como pegar uma brasa de uma fogueira e atirar naquele que nos feriu. O único que se queima é você! A chama de raiva dentro de mim parecia ser a única arma que eu tinha no momento. Neil não sabia como reagir a ela; assim eu mantinha distância. Pouco a pouco, comecei a perceber que minha raiva também me isolava do Senhor. Lá no fundo do meu coração eu sabia que o Espírito Santo estava certo. Eu tinha que perdoar meu marido ou aquela raiva e ressentimento acabariam com a minha existência espiritual.
Ajoelhei-me e, da melhor forma que pude, fiz uma oração perdoando tanto Neil como a outra mulher. Ao levantar-me, ao invés de sentir-me aliviada como esperava, eu ainda estava cheia de pensamentos de ira. Sentia ódio deles e desejava que algo ruim lhes acontecesse. Creio que tentei perdoar-lhes muitas vezes nas semanas seguintes, mas o resultado era sempre o mesmo. A raiva e o ressentimento ainda envenenavam o meu coração.

A seguir:
O divórcio é recomendado

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pensamentos contraditórios


Profissão: Do Lar
Foto: Diógenis Santos

Meus pensamentos estavam terrivelmente contraditórios nos dias e semanas após a confissão desajeitada de Neil. Eu tentava ordená-los, mas o processo parecia impossível. Ao mesmo tempo em que eu o odiava por ter me machucado, eu queria desesperadamente voltar para ele de alguma forma e também culpava-me por tudo o que havia acontecido. Cada uma de minhas falhas as quais eu sabia que poderia ter corrigido há muito tempo, vinham então vividamente à minha mente. Como esposa, dona de casa e mãe de tempo integral, eu havia escolhido construir a minha vida ao redor de minha família e do meu lar ao invés de ajudar Neil em seu ministério, como ele desejara. Tive então a certeza de que aquilo fora errado e me repreendia continuamente.
Ainda assim, por mais que eu tivesse resistido a ser moldada como ele queria que eu fosse, sentia, às vezes, que eu havia permitido que ele fosse longe demais nesse aspecto. Havia confiado e dependido demais dele. De fato, eu havia permitido que ele me forçasse a assumir a identidade que ele projetara para que eu impressionasse muito bem a igreja. Isso tinha que acabar. Eu precisava tornar-me uma mulher independente. Eu já não podia confiar nele e tinha sido tola por ter confiado no passado.
Eu havia considerado Neil, não apenas como meu marido e amigo, mas também como meu pastor. Havia confiado a ele o manejo correto da Palavra de Deus, o que ele parecia conhecer tão bem. Agora eu tinha a certeza de que ele havia usado a Palavra de forma traiçoeira, para seus próprios propósitos, para descartar qualquer advertência ou sentimento intuitivo que eu pudesse ter sobre sua conduta durante o período de seu caso ilícito.
Sentia-me totalmente desprovida da auto-confiança e tão tola que não conseguia fazer mais nada direito. Pelo menos, disse para mim mesma, é isso que Neil pensa de mim. Mas eu não iria fazer mais o papel de tola. Eu tinha sido a perfeita mulher submissa, totalmente dependente de meu marido, mas isso não aconteceria mais. Eu estava envergonhada, humilhada e determinada a fazê-lo pagar por toda a minha dor.
a seguir:
A chance de perdoar

terça-feira, 23 de junho de 2009

Capítulo 6 – A confissão e o perdão


Brejo Santo-CE
Foto: Diógenis Santos

Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Tiago 5:16

NOLINE:

O dia começou como qualquer outro dia, com minhas rotinas diárias em cuidar das crianças, limpar a casa, cozinhar e atender ao telefone. Por volta das quatro da tarde, eu estava ocupada, trabalhando na cozinha, quando Neil chegou e começou a falar. Eu ouvia friamente enquanto continuava a preparar o jantar. Ele parecia preocupado, parado lá, o que não era de seu feitio. Percebi mais tarde, que eu poderia ter pressentido o que estava para acontecer. Ele, de repente, tornou-se muito sério e disse:
- Noline, precisamos conversar.
Olhei para cima, desviando meu olhar dos preparativos e focalizei-o na face de Neil. Quando o homem com quem eu estava casada há quatro anos e meio começou a gaguejar sua confissão, senti meu mundo inteiro desmoronar em milhões de pedaços. Ouvia chocada e horrorizada enquanto ele me confessava que havia se “envolvido” com uma mulher de nossa igreja. Não demorou muito para eu perceber o que Neil queria dizer com “envolvido” – que ele tivera um caso de adultério com ela.
Eu nunca imaginei que uma pessoa pudesse ter tantos pensamentos de uma só vez na cabeça. A minha estava num redemoinho. Senti-me muito doente e meu consolo era que, finalmente, eu sabia por que o último ano havia sido tão difícil para nós. Somente muito mais tarde, percebi que aquela terrível situação havia acontecido pelo fato das coisas estarem correndo tão mal entre nós. Mas eu não conseguia pensar claramente naquele momento. Os pensamentos vinham em turbilhões, misturando-se enquanto passavam.
Como eu poderia agüentar isso? Essas coisas não poderiam acontecer com pessoas que amavam ao Senhor. Porque conosco? Neil e eu éramos apaixonados desde a nossa infância. Éramos perfeitos um para o outro. Tínhamos praticamente crescido juntos, dividido a nossa cama e nossas vidas, tínhamos tido um ministério juntos e tínhamos colocado lindas crianças no mundo. Agora isso! Eu continuava pensando Essas coisas só acontecem com outras pessoas – não conosco!
Nenhuma palavra poderia expressar quão irada e machucada eu estava: ao mesmo tempo, sentia-me estranhamente desligada de tudo aquilo. Rudemente perguntei ao Neil o que ele queria fazer.
- Você quer continuar o seu relacionamento com a outra mulher? Você quer o divórcio?
Havia tantas outras perguntas em minha mente que eu simplesmente não podia verbalizá-las no momento:
- Por quê? O que o fez fazer isso? Como você pode fazer isso comigo?
Estaria ele tão infeliz com nosso relacionamento? Eu não preenchia suas necessidades? Havia alguma coisa errada em mim como mulher? Eu estava furiosa!
Como pude ser tão cega? Acho que eu sentia que sempre poderia confiar em Neil, mas naquele dia sentia-me como se tivesse mantido a cabeça enterrada, como uma avestruz enquanto tudo acontecia. Subitamente, senti-me presa e claustrofóbica naquela pequena cozinha com Neil. Eu não o queria perto de mim, não queria que ele me tocasse ou me visse chorando. Precisando desesperadamente de um espaço para concatenar meus pensamentos, pedi para Neil tomar conta das crianças e deixar-me sozinha por um tempo. Fo só ele sair de vista, saí correndo da cozinha para fora e chequei à rua. Andei, andei tomada pelas minhas emoções. Buscava em meu coração devastado: Onde viro? O que eu quero? Com quem posso conversar? Andei sem parar até chegar à igreja. Lá senti que poderia encontrar o consolo e o conforto de que eu tanto precisava do meu Pai celestial. Ao contrário de meu marido, Ele não me deixaria.

Pensamentos contraditórios

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Confissão


Foto: Diógenis Santos

Finalmente, cheguei à conclusão de que se não confessasse, Deus iria expor abertamente o meu pecado. Eu esperava, ao contrário, que Ele mandasse um mensageiro como Natan, o profeta, que tinha a coragem de apontar o dedo ao Rei Davi e dizer: “Tu és o homem!” (2 Samuel 12:7). Quantas chances mais eu teria? Foi então que, em desespero total, despejei tudo sobre Noline, como um caminhão de lixo esvaziando a sua fétida carga.
Eu não tinha idéia do que esperar dela. Talvez eu esperasse que ela fosse forte o suficiente (ou insensível) para dizer:
- Está bem, vamos orar e então procurar alguma ajuda para você.
Noline não fez isso. Ao invés de diminuir-me, desmoronou-se, com soluços incontroláveis e não me deixava aproximar-se dela. Ela dava de ombros a cada tentativa de reconciliação e finalmente precipitou-se para fora de casa. Decidi não segui-la, pensando que ela precisava de algum tempo e espaço para assimilar e digerir tais revelações.
Depois de três horas, sem sinal de Noline, entrei em pânico. As crianças estavam com fome e chorando, querendo a mamãe. Estava ficando escuro.
- Ó Deus, chorei em desespero, por favor, não deixe que ela faça nenhuma besteira.
Eu arrumei as crianças e telefonei para a babá. Decidi ir de carro até a casa de meus pais para ver se ela havia ido lá. Minha próxima súplica foi:
- Ó Senhor, por favor não deixe Noline contar para os meus pais.
Meus pensamentos moviam-se rapidamente entre o medo e a auto-preservação. Era a reação de uma pessoa desesperada e machucada, pega num pecado terrível.
Noline era capaz de fazer qualquer coisa nesse ponto e, da mesma forma como eu não queria que as coisas saíssem do controle, eu tinha que reconhecer que elas já estavam fora de controle. Eu estava assistindo a minha vida desmoronar-se diante de meus próprios olhos.
No caminho da casa de meus pais, parei na igreja. Talvez Noline tivesse se refugiado na Casa do Senhor. Quando desci e caminhei na tranqüilidade silenciosa do templo, ouvi soluços abafados vindos do berçário. Abri a porta devagar e encontrei Noline curvada numa posição fetal, no chão, balançando-se e soluçando descontroladamente.
Meu coração quebrou-se por ela, mas eu estava totalmente sem ação. O que eu poderia fazer para confortá-la? Afinal de contas, eu era o culpado de toda a sua dor e sofrimento. Após um tempo, pedi para ela levantar-se e ir para casa comigo. Ela foi, mas sem olhar ou falar comigo. Aquela foi a noite mais comprida e dolorosa de nosso casamento. Um grande abismo abriu-se entre nós enquanto estávamos deitados nos lados opostos da cama, cada um mergulhado em seu inferno particular de dor e solidão. O estrago esta feito.
No dia seguinte, o único pedido de Noline foi que eu chamasse o presidente de nossa denominação e contasse a ele as circunstâncias de meu adultério. Eu sabia que aquela chamada terminaria com o meu ministério na cidade e, possivelmente, em qualquer outro lugar, mas me controlei, indiferente às conseqüências. Decidi que faria qualquer coisa que os oficiais da igreja me pedisse para fazer. Naquele ponto, eu desejava, desesperadamente, que aquele caso nunca tivesse acontecido e que houvesse alguma forma de punição para os meus erros. Eu queria, com sinceridade, reparar os meus erros e de alguma forma “acalmar” a Deus, Noline e a minha própria consciência culpada. Infelizmente, não havia nada que eu pudesse pensar para desfazer aquele emaranhado de mentiras e traições.
A graça, naquele ponto, parecia impossível de se obter, um dom que eu nem mesmo deveria considerar. A resignação, a exaustão e a derrota eram minhas únicas companhias. Ao invés de correr para Deus, da forma como eu havia pregado para tantas outras pessoas, encontrei-me correndo d’Ele.
A natureza humana é tão estranha. Está sempre tentando encontrar seu caminho até Deus. A força da carne é enraizada no orgulho. Mesmo quando o homem está humilhado, nas maiores profundezas, o orgulho ainda o mantém cativo em suas amarras.
Depois de ter notificado aos líderes da igreja, arrumamos a nossa mudança e planejamos mudar para a cidade onde os pais de Noline viviam. Nada foi dito aos membros locais sobre a verdadeira razão de nossa partida, apenas que havíamos decidido partir. Quando olho de volta àqueles dias percebo que a única forma dos superiores da igreja manejarem a situação, era nos liberando e encontrando um outra pastor para cuidar da igreja, Infelizmente, isso significava que nada seria feito por nós. O mais sério de tudo, para mim, era o fato de que as sementes da impureza sexual continuavam a germinar no meu interior e nem o remorso ou o arrependimento parecia barrar o crescimento insidioso. Mudar para um novo local era apenas replantar a semente em um novo campo.
Eu estava aprendendo sobre o pecado e suas conseqüências através de um árduo caminho.

Capítulo 6 – A confissão e o perdão

domingo, 21 de junho de 2009

O Perseguidor Celeste vem atrás de mim


Foto: Diógenis Santos

No final, a pressão do meu estilo de vida volúvel tornou-se insuportável. O precioso Espírito Santo não me deixaria sozinho. Eu estava tão destruído e tomado pela culpa que, de forma misteriosa, tornei-me impotente. Surpreendentemente, esse mal manifestou-se apenas com a outra mulher, não com Noline, o que me deixava constrangido e humilhado.
Entretanto, não parou por aí. As coisas estavam acontecendo de tal forma que causavam um medo genuíno em meu coração. Um dia, pouco antes do culto da manhã, fiquei sobressaltado com uma visão ou sonho que uma senhora mais velha da igreja relatou-me. Ela disse que tinha sonhado que uma adúltera vestida de preto estava tentando entrar na igreja. Eu mal pude soltar uma resposta engasgada.
- Isso é interessante, eu disse.
- Vou orar e perguntar ao Senhor o que isso significa.
Mal tínhamos terminado a nossa conversa, quando os músicos subiram no palco. Quando subiram, eu tremi e tive que parar para respirar. Eu não podia acreditar naquilo que meus olhos viam, pois ela estava indo para o seu lugar usando um vestido preto, longo e esvoaçante. Naquele dia pensei comigo mesmo: Meus dias estão contados. Eu tinha a sensação de que, mais cedo ou mais tarde, Deus estaria expondo o meu pecado.
Numa outra vez, eu estava numa conferência quando encontrei uma conhecida, uma intercessora que morava em outra cidade. Ela disse que o Senhor a tinha acordado no meio da noite para orar e interceder por mim. Disse que o Senhor tinha dado um versículo da Bíblia para mim. Era a parte quando Jesus preveniu Pedro, em Lucas 22:31: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo”. Então ela perguntou-me se tudo estava bem e se havia qualquer coisa pelo que pudesse orar a nosso favor. De repente eu queria sair dali o mais rápido possível. As coisas estavam ficando fora do controle.
Com o declínio de minha vida espiritual e com a insistência do Espírito Santo, subitamente, minha dupla personalidade já não era mais divertida ou engraçada, e eu queria desesperadamente livrar-me da pesada carga da decepção que carregava a cada dia.

A seguir: Confissão

sábado, 20 de junho de 2009

As conseqüências do pecado


Foto: Diógenis Santos

O meu pecado começou a matar minha vibração espiritual com Deus, começou a corroer meus relacionamentos com a congregação sob os meus cuidados e mesmo as amizades com aqueles mais chegados a mim. Eu estava descobrindo a verdade dolorida de que o adultério produz dor e ferida insuportáveis, deixando em seu sulco um casamento e um ministério destruídos.
Como o caso continuasse, Noline tinha suas suspeitas, mas eu mantinha uma parede apropriada de desculpas. A verdade é que não levou muito tempo para eu ver que estava perdendo mais do que ganhando com o relacionamento e essa percepção trouxe-me um sentimento de destruição. A Palavra de Deus parecia então seca para mim e eu senti que não podia mais “olhar a face de Deus”; assim, naturalmente, evitava ter o meu tempo de oração com Ele.

A seguir: O Perseguidor Celeste vem atrás de mim

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O adultério começa com uma semente


Foto: Diógenis Santos

Nos anos 70, esperava-se ou exigia-se que os pastores pregassem, fizessem orações, profetizassem, fossem porteiros e líderes do louvor na igreja. Não tenho o talento natural para a música, mas maior parte do meu tempo eu gastava “trabalhando” no departamento de música. Até esse dia, eu não sabia exatamente quem havia iniciado o meu relacionamento com aquela mulher, uma das musicistas da igreja, mas creio que o relacionamento foi nutrido até aquele momento com uma paquera mútua e contínua dos olhos.
Hoje, creio que se Noline e eu tivéssemos mantido um casamento sólido e forte, nós poderíamos e teríamos destruído aquela semente de luxúria quando ela ainda era apenas um pensamento, Infelizmente, nós não tínhamos um relacionamento saudável naquele tempo e eu não sabia o que era refrear meu pensamento (mesmo sendo um pastor). Agradava-me a idéia de que alguém mais me achasse atraente. Eu procurei de novo o contato daqueles olhos que me flertavam durante o ensaio de música. Com certeza eles ainda me acompanhavam e eram respondidos.
No domingo seguinte, ao final do culto matutino, Noline e eu ficamos em nossos lugares habituais cumprimentando as pessoas que saíam da igreja. Assegurei-me em ficar num lugar onde a musicista admiradora passaria e aconteceu do jeito que planejei. Enquanto saía, deu-me um aperto de mão mais forte e confirmou-o com um olhar inconfundível e um sorrisinho leve nos lábios. Para qualquer outra pessoa a troca não significaria nada. Mas como eu já vinha nutrindo pensamentos de luxúria, eu sabia exatamente qual era a mensagem. Aquela mulher estava respondendo ao meu interesse inconveniente com sinais que diziam; Eu gostaria de vê-lo algum dia. Senti o sangue correr pela minha face tão rápido que fiquei feliz por estar virado de costas a Noline.
Nos dias seguintes, “trabalhei” ainda mais perto do departamento de música, formando-se assim um laço de alma entre a musicista e eu. Um laço de alma é formado quando você permite envolver-se com alguém do sexo oposto, seja espiritualmente, emocionalmente ou mentalmente. Após aquele período de trabalho, conversas e cultivo do relacionamento, o laço invisível entre aquela mulher e eu estava estabelecido. Eu tinha colocado o alicerce. Depois comecei a planejar os próximos passos para fazer o que jamais prometera fazer à minha esposa, diante de Deus. Eu tinha dito que deixaria todos os outros. Eu tinha quebrado meu voto solene permitindo que esse relacionamento crescesse e continuaria a quebrar a minha aliança sagrada construindo paredes de mentiras e engano para proteger o meu pecado.
Nosso encontro naquela estrada deserta levou-nos ao inevitável. Meus pensamentos pecaminosos levaram-me a desejar praticar o adultério. Iludidos e não arrependidos fizemos planos para nos encontrarmos novamente. O círculo vicioso foi fortalecido e o prazer temporário do pecado pôs uma amarra em minha mente e coração. Minha consciência estava paralisada pelo poder dele. Eu não iria e nem poderia livrar-me de suas amarras. Eu estava aprendendo por um caminho difícil, que o adultério é uma das ferramentas mais mortais do demônio para a destruição.

As conseqüências do pecado

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Capítulo 5 – O pecado e suas conseqüências


Foto: Diógenis Santos

Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado. E o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Tiago 1: 14-15

- Sim, vou encontrá-la na estrada deserta ao norte da cidade, na quarta-feira, às três horas da tarde.
Eu não podia acreditar no que esta dizendo!
Eu tinha acabado de marcar um encontro secreto com uma mulher do meu grupo de louvor, em um lugar seguro, na quarta-feira, dentro de dois dias. A adrenalina fez meu coração bater desenfreadamente ao lembrar-me de CAD apalavra do telefonema fatal. Eu vou mesmo continuar com isso, pensei comigo mesmo. Uma parte do meu ser sentia uma excitação, embora houvesse um medo inconfundível misturado a isso.
Em minha mente pensamentos desvairados começara a corre: Como vou sair de casa para encontrá-la sem mentir para Noline? Talvez eu devesse ligar novamente e cancelar o encontro! Não, eu não posso fazer isso agora. O que ela pensaria de mim? Então, permaneci comprometido ao encontro que, sabia, acabaria em adultério e traição. Fechei o escritório da igreja e tentei trancar a porta, mas minhas mãos tremiam incontrolavelmente. Fiquei imaginando se Noline perceberia o que estava acontecendo devido a minha atitude nervosa. Vou ter que esconder bem isso, pensei.
A quarta-feira parecia estar a uma eternidade. Minhas idas ao escritório eram atos vazios, rotineiros, sem produtividade e sem alegria no trabalho. Eu andava em volta, como um leão enjaulado, sentindo pavor pela quarta-feira que se aproximava e, ao mesmo tempo, atraído, ansioso e ávido para representar esse romance ilícito. Por que o pecado estava dando tanto prazer se eu odiava a forma como ele me fazia sentir por dentro? Eu não conseguia orar. Eu não conseguia ler. O que eu iria preparar para o sermão de domingo?
Finalmente, quando a quarta-feira chegou, dei minha saída de casa normal logo de manhã e fiz uns e outros telefonemas. Mina mente estava correndo horas à frente, pensando no momento de nosso encontro marcado. O dia se arrastou até que o momento finalmente chegou. Quando me dirigia para o lugar, sabia que estava fazendo algo terrivelmente errado, mas eu preferi entregar-me às paixões que se revolviam em meu interior. Meus pensamentos corriam enquanto eu dirigia, afastando-me da igreja e continuaram a correr, descontroladamente, até eu chegar ao ponto de encontro e estacionar à beira da estrada. Sentia-me em evidência, sentado sozinho em meu carro estacionado naquela área deserta da cidade. Ninguém estacionaria lá com boas intenções. Enquanto esperava, fiquei pensando na mulher com quem eu encontraria e pensei em minha esposa e filhos.
Isso é uma loucura total! Pensei. E se alguém que conheço passar por aqui e me ver? De fato, um caminhão passou por ali e pude sentir os olhares frios de seus ocupantes. Eles devem saber, pensei. Eu devia parecer culpado, pois eu me sentia culpado! De repente o carro dela virou a cura e eu pensei, Ela está aqui! Enquanto o meu coração pulava garganta acima. Isso era real! Estava acontecendo mesmo! Agora não dava para voltar mais.

O adultério começa com uma semente

terça-feira, 16 de junho de 2009

Dúvidas crescentes


Foto: Diógenis Santos

É surpreendente perceber que as mesmas características que primeiramente nos atraíram um ao outro, tornaram-se a origem da discórdia em nosso casamento e ministério. Pela primeira vez, comecei a fechar meu espírito para Noline. Quando isso aconteceu, ambos sentimos um profundo pavor vindo sobre o nosso relacionamento, enquanto cada um perguntava a si mesmo em secreto: “Será que cometi um engano? Será que me casei com a pessoa errada?
Durante os anos seguintes, perguntei a Deus insistentemente: - Por que o Senhor não me deu alguém que fosse compatível com meu ministério? O clamor de Noline era: - Senhor, por que tive que casar-me com um pastor? Eu era apaixonada pelo menino da rua debaixo, não com esse ministro farisaico.
Tornei-me um especialista em fechar o meu espírito para ela e ela era afetada de forma poderosa e visível pela minha rejeição. Ao deixá-la fora dos meus afetos e atividades ministeriais, ela começou a sentir-se como que pisando em ovos. Ela tentava, de toda forma que podia imaginar, entrar novamente em minha vida. Seus esforços desesperados para alcançar-me falhavam e eu a rejeitava ainda mais – sem jamais perceber que a minha fria rejeição estava nos distanciando cada vez mais. Para sobreviver, ela tornou-se dedicada exclusivamente aos filhos, o primeiro mecanismo de defesa contra a solidão que ela experimentou em nosso casamento.
O círculo vicioso continuava e se auto-alimentava e eu sentia-me cada vez mais apaixonado por outra mulher – a igreja local. Gastava a maior parte do meu tempo com ela e ficava feliz de estar em volta dela. Como resultado, toda a tensão entre Noline e eu estava nesse tempo centralizada na igreja. Em minha solidão, eu gastava mais tempo com ela, telefonando para pessoas, visitando os enfermos e orando por eles. Eu mantinha, orgulhoso, um quadro em meu escritório com a lista de todas as visitas e telefonemas feitos aos enfermos.
Isso fazia com que eu me sentisse muito importante e apreciado como ministro, como também, quando em tempos de crises, as pessoas achavam necessário pedir a minha ajuda para resolver os seus problemas. Isso pode intoxicar muito um jovem e, como o casamento não estivesse preenchendo a minha vida como anteriormente, a minha auto-valorização era totalmente absorvida na necessidade de ser necessário. Eu não tinha ainda aprendido a preciosa lição de que meu valor e aceitação devem vir do Senhor e não de homens.
É preciso dizer que tive de ser despido de todos os adornos ministeriais antes de poder aprender esta lição corretamente. Noline e eu, naquele tempo, estávamos num momento de colisão e dor. Havíamos plantando as sementes que dariam seus frutos inevitáveis. Nuvens de tempestades aglomeravam-se.

Capítulo 5 – O pecado e suas conseqüências