terça-feira, 23 de junho de 2009

Capítulo 6 – A confissão e o perdão


Brejo Santo-CE
Foto: Diógenis Santos

Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Tiago 5:16

NOLINE:

O dia começou como qualquer outro dia, com minhas rotinas diárias em cuidar das crianças, limpar a casa, cozinhar e atender ao telefone. Por volta das quatro da tarde, eu estava ocupada, trabalhando na cozinha, quando Neil chegou e começou a falar. Eu ouvia friamente enquanto continuava a preparar o jantar. Ele parecia preocupado, parado lá, o que não era de seu feitio. Percebi mais tarde, que eu poderia ter pressentido o que estava para acontecer. Ele, de repente, tornou-se muito sério e disse:
- Noline, precisamos conversar.
Olhei para cima, desviando meu olhar dos preparativos e focalizei-o na face de Neil. Quando o homem com quem eu estava casada há quatro anos e meio começou a gaguejar sua confissão, senti meu mundo inteiro desmoronar em milhões de pedaços. Ouvia chocada e horrorizada enquanto ele me confessava que havia se “envolvido” com uma mulher de nossa igreja. Não demorou muito para eu perceber o que Neil queria dizer com “envolvido” – que ele tivera um caso de adultério com ela.
Eu nunca imaginei que uma pessoa pudesse ter tantos pensamentos de uma só vez na cabeça. A minha estava num redemoinho. Senti-me muito doente e meu consolo era que, finalmente, eu sabia por que o último ano havia sido tão difícil para nós. Somente muito mais tarde, percebi que aquela terrível situação havia acontecido pelo fato das coisas estarem correndo tão mal entre nós. Mas eu não conseguia pensar claramente naquele momento. Os pensamentos vinham em turbilhões, misturando-se enquanto passavam.
Como eu poderia agüentar isso? Essas coisas não poderiam acontecer com pessoas que amavam ao Senhor. Porque conosco? Neil e eu éramos apaixonados desde a nossa infância. Éramos perfeitos um para o outro. Tínhamos praticamente crescido juntos, dividido a nossa cama e nossas vidas, tínhamos tido um ministério juntos e tínhamos colocado lindas crianças no mundo. Agora isso! Eu continuava pensando Essas coisas só acontecem com outras pessoas – não conosco!
Nenhuma palavra poderia expressar quão irada e machucada eu estava: ao mesmo tempo, sentia-me estranhamente desligada de tudo aquilo. Rudemente perguntei ao Neil o que ele queria fazer.
- Você quer continuar o seu relacionamento com a outra mulher? Você quer o divórcio?
Havia tantas outras perguntas em minha mente que eu simplesmente não podia verbalizá-las no momento:
- Por quê? O que o fez fazer isso? Como você pode fazer isso comigo?
Estaria ele tão infeliz com nosso relacionamento? Eu não preenchia suas necessidades? Havia alguma coisa errada em mim como mulher? Eu estava furiosa!
Como pude ser tão cega? Acho que eu sentia que sempre poderia confiar em Neil, mas naquele dia sentia-me como se tivesse mantido a cabeça enterrada, como uma avestruz enquanto tudo acontecia. Subitamente, senti-me presa e claustrofóbica naquela pequena cozinha com Neil. Eu não o queria perto de mim, não queria que ele me tocasse ou me visse chorando. Precisando desesperadamente de um espaço para concatenar meus pensamentos, pedi para Neil tomar conta das crianças e deixar-me sozinha por um tempo. Fo só ele sair de vista, saí correndo da cozinha para fora e chequei à rua. Andei, andei tomada pelas minhas emoções. Buscava em meu coração devastado: Onde viro? O que eu quero? Com quem posso conversar? Andei sem parar até chegar à igreja. Lá senti que poderia encontrar o consolo e o conforto de que eu tanto precisava do meu Pai celestial. Ao contrário de meu marido, Ele não me deixaria.

Pensamentos contraditórios

Nenhum comentário:

Postar um comentário