sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Restauração do Ministério

Foto: Diógenis Santos

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. 2 Cor. 4:7
NEIL:
O amor é restaurado
Noline e eu ainda não sabemos exatamente o dia ou a hora em que o milagre pelo qual ansiávamos aconteceu, nem podemos exatamente explicar como Deus fez. Tudo o que sabemos é que aconteceu. Estávamos ainda em Denver com os Phillipps. Tínhamos obedecido a direção de Deus e permitido que Ele enchesse a nossa vida com a Sua Palavra. Ambos nos sentíamos como talhas de pedra cheias de água ao invés de vinho, mas dessa vez sabíamos que a nossa cura tinha de vir de Deus e não de nossos próprios esforços.
Tínhamos feito tudo o que era humanamente possível em obediência ao Senhor e estávamos na expectativa de um milagre. Então, uma manhã acordamos com uma profunda certeza interior de que amávamos desesperadamente um ao outro! Era misterioso. Este novo amor não era baseado no desempenho (o que podemos ganhar ou perder), ou na explícita confiança de um pelo outro (sabíamos de um modo pessoal que a confiança pode ser traída). Não havia fonte tangível para esse amor. Noline e eu simplesmente “sabíamos que nós sabíamos” que amávamos um ao outro mais do que as palavras podiam descrever! Era uma experiência que todo casal sonha e sabíamos que era um presente de Deus.
O Milagroso Homem da Galiléia tinha novamente transformado água em vinho, e Noline e eu estávamos totalmente embriagados com ele. Diferente de nossas experiências anteriores quando jovens, dessa vez estávamos “bêbados pelo Seu amor” e não através de meros efeitos de hormônios humanos e da paixão emocional. Você pode imaginar como o nosso novo caso de amor, com a sua vivacidade e alegria, afetou diretamente nosso relacionamento de casamento! Mike e Marilyn achavam que tinham um novo casal de pombinhos cegos de paixão um pelo outro trabalhando no escritório. Nós não podíamos parar de sorrir! Estávamos nos amando novamente, após um desesperado resgate beirando a morte, e o nosso mergulho no vinho de Deus era maravilhoso! Assim, como dois viajantes sedentos pelo deserto, que encontram um oásis escondido, sorvíamos continuamente a bebida do Senhor que dá vida.
Não queremos dar a impressão de que todas as nossas lutas ou testes acabaram naquele dia. O oposto é bem verdade.

domingo, 20 de setembro de 2009

A talha de água da libertação

Quando iniciei o processo de libertação, ela não veio das mãos de algum evangelista cheio de poder ou em um culto, durante o mover do louvor e da adoração. Veio no chão de nosso quarto quando confessei meu segundo caso de adultério para Noline. Lágrimas rolavam de nossas faces enquanto estávamos ajoelhados e quando pedi para Noline impor suas mãos em mim e expulsar o espírito da luxúria que eu sentia que me perseguia. Ela pôs suas mãos em minha cabeça e disse:
- Demônio, em Nome de Jesus Cristo, que morreu na cruz e se levantou novamente, eu o amarro. Ordeno que você saia da vida de meu marido imediatamente e vá! Oro no Nome de Jesus. Amém.
Essa fora a primeira vez que eu havia permitido que se fizesse esse tipo de oração por mim. Não senti nenhum resultado imediato e não houve nenhuma manifestação em particular.
Depois, quando o meu pecado de adultério havia sido exposto na igreja e de termos passado pelo período de disciplina, o pastor principal e sua esposa visitaram-me em casa. Sugeriram que amarrássemos qualquer atividade demoníaca em nossas vidas; assim começamos a orar e a interceder juntos. Eles se juntaram ao redor da cadeira onde eu estava ajoelhado, orando. Deus revelou-lhes que os espíritos da luxúria, fornicação e adultério tinham estado me atormentando. Eles amarraram aqueles demônios e ordenaram que saíssem de minha vida. Pedi, então, ao Espírito Santo para encher, com o Seu amor e a sua presença aquelas áreas de minha mente e coração que tinham estado suscetíveis à influência demoníaca. Daquele dia em diante fiquei livre daquele tormento em particular.
Logo quando eu fora salvo, eu pensava que a “vida vitoriosa” referia-se à minha habilidade de superar qualquer tendência da carne, mas aprendera, algumas vezes da forma mais difícil, que não tenho poder sem o Senhor e que é apenas a Sua força operando em mim que me mantém afastado do pecado. Nós não temos nada em nós mesmos para nos orgulhar. No entanto, quando tomei autoridade sobre todos os demônios da luxúria e neguei a eles o direito legal de ditarem as regras em minha vida, experimentei uma liberdade nunca conhecida antes.
Tenho certeza de que Satanás não desistiu de investir contra mim. Mas agora, seus “capangas” não são nada além de uma força externa, fácil de se reconhecer e de se lidar. Tudo o que preciso fazer agora é levantar o meu escudo da fé para “conter os dardos inflamados” que ele envia contra mim.
Um teste para minha nova liberdade veio quando estávamos trabalhando no escritório em Denver. Embora eu estivesse liberto, a minha carne ainda estava em reaprendizagem e eu ainda tinha um longo caminho para aprender a lidar com os meus problemas de hábitos e comportamento. Um dia, uma moça estava visitando o escritório e ela iniciou uma conversa. Tudo parecia totalmente inocente para mim, mas duas pessoas, incluindo um irmão com o dom de discernimento, sentiu que isso poderia ser um problema e contaram ao Mike. Ele me chamou no escritório e confrontou-me.
Primeiro fiquei chocado, mas então fiquei ainda mais aturdido por entender que ele não queria uma resposta ou desculpa. Ele só estava procurando uma oportunidade para avisar-me de um possível ataque do inimigo em minha alma. Se o diabo tinha enviado um espírito de luxúria contra mim numa tentativa de reaver o território perdido no ano anterior, suas tentativas foram frustradas. Os dois homens oraram comigo e juntos resistimos ao ataque do inimigo em nome de Jesus. Todos os presentes sentiram a presença do emissário do diabo sair.
Deus usou o incidente para treinar-me a reconhecer os ataques antes de reagir de maneira imprópria. Tenho me tornado muito ativo em relação a esses esquemas sutis do inimigo e Noline e eu nos guardamos e protegemos um ao outro consistentemente.
Estamos comprometidos, de muitas outras formas, a desenvolver o nosso relacionamento a cada dia, convencidos do fato de que se for para termos algum ministério em nossas vidas, ele deve começar com um exemplo cristão em nosso próprio lar. Há uma importante promessa no livro de Malaquias onde Deus revela porque Ele quer que sejamos um:
E não fez ele somente um, sobejando-lhe o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma semente de piedosos; portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja desleal para com a mulher da sua mocidade. Mal. 2:15 (Ed Revista e corrigida)
O Senhor quer que nós trabalhemos no desenvolvimento e na manutenção da unidade entre nós porque Ele quer semear uma semente divina na terra. Embora desenvolver e manter a unidade não seja algo fácil, o resultado final supera todo o esforço exigido. A unidade permite-nos experimentar um sinergismo poderoso entre os dois e Deus põe uma semente divina em nossos filhos. Portanto, a unidade é o desejo de Deus para todo casamento.
Obediência, Palavra, visão de fé, restauração, transparência e libertação – deixe Deus começar a encher suas talhas hoje.
Capítulo 12 – Restauração do ministério

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A talha de água da transparência


Lagoa Canabrava-GO
Foto: Diógenis Santos

Há apenas uma cura para a vida escondida atrás da máscara da auto decepção: a transparência. É o “bálsamo da cura” de Deus, mas ele não vem facilmente. Tenho uma palavra profunda a qual compartilho sempre que treino líderes pelo país: “Quanto mais você dá alguma coisa, mas você recebe”. Na área das feridas e mágoas, quanto mais demos o nosso testemunho da vitória de Jesus, mais vitória tivemos.
Conhecemos pessoas que tiveram incidentes semelhantes em seus casamentos que, devido a sua incapacidade para compartilhar abertamente, suportaram tenazmente suas dores. Após trinta anos, seus relacionamentos de “uma só carne” e com outras pessoas continuam feridos, machucados e danificados. Elas não conseguem mais confiar em outros, portanto suas vidas encontram-se limitadas devido a uma suspeita atrás de outra.
Lembro-me bem de nossa primeira lição dolorosa sobre transparência. Estávamos em Denver nesse tempo. No passado, antes do meu pecado ser exposto, havíamos ministrado a vários grupos de MMI e eu sempre evitara ser honesto sobre o meu pecado. Embora fosse transparente em relação aos meus pontos positivos, eu não era transparente com relação a nenhuma de minhas falhas. Naquele dia, em Denver, estávamos em uma reunião especial feita em nossa homenagem. Durante o ano anterior tínhamos completado o nosso período de disciplina e recebemos a incumbência de sermos responsáveis por um ministério. Naquele dia, estávamos sendo promovidos a nossa primeira posição de supervisores, já que havíamos sido removidos do ministério pastoral. Ali estavam vários casais do Colorado e de alguns estados vizinhos. Tudo o que me lembro é que havia muitas pessoas, algo pela qual mais tarde lastimei muito.
Mike e Marilyn haviam pedido que falássemos ao grupo naquela noite, e Noline e eu preparamos um sermão pastoral de sete pontos para a ocasião. Estávamos prontos para começar quando Mike nos interrompeu e disse:
- Neil, por que você não compartilha com todos sobre o seu adultério?
Fiquei pasmo. Embora eu tivesse participado de tantos encontros de MMI e soubesse que é de se esperar que todos sejam abertos e honestos, eu nunca havia compartilhado. Pensei imediatamente em todas as razões pelas quais eu não deveria fazer o que estava sendo pedido. Eu sempre aprendera que omitir os seus próprios pecados era a regra número um dentro de um ministério. Você nunca deveria deixar as pessoas saberem sobre o seu passado ou elas perderiam o respeito por você. E, se as pessoas não nos respeitam, isso atrapalha a nossa habilidade de liderá-las com aceitação e autoridade.
Aquelas eram todas as desculpas que eu usara na maior parte de minha vida adulta para esconder os meus pecados passados. Não era de se surpreender a razão pela qual elas estavam me incomodando tanto. Não, eu não poderia fazer isso. Poderia?
Em uma fração de segundos percebi que eu tinha que confiar em meus supervisores. Eu precisava deixar de lado todas as minhas desculpas e fazer o que era necessário. Embora eu nunca tivesse feito isso antes, Deus iria ajudar-me como sempre fizera.
Naquela Noite, pela primeira vez em público, enquanto eu enrubescia e gaguejava, Nolie e eu falamos de forma franca sobre o passado e sobre a demissão de meu ministério – e sobre as suas verdadeiras causas. Foi a coisa mais difícil e humilhante que jamais pediram que eu fizesse. Senti-me envergonhado, chateado e arrependido de tudo novamente. Entretanto, ao terminarmos, descobrimos que a mentira do diabo era aquilo. O nosso temos de sermos rejeitados por termos pecado fora um erro. Fomos aceitos com amor por aqueles que nos ouviram e aquela noite marcou o começo de nossa jornada de sucesso para o alívio verdadeiro da dor de nosso passado.
Hoje, podemos compartilhar abertamente a qualquer lugar e a qualquer instante sobre nossas falhas e sobre a cura maravilhosa de Jesus. Nos recordamos da queda, mas a dor já se foi e a ferida está completamente curada.
A talha de água da libertação

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A talha de água da restauração


Foto: Diógenis Santos

- Volte a todos os lugares onde você morou e restaure o seu relacionamento com todas as pessoas que eu colocar em seu caminho. Isso inclui especialmente todos de sua família.
A primeira vez que ouvi essas palavras em meu espírito, pensei: Sei que não pode ser o Senhor! Expulsei todos os espíritos que pensei estarem tentando me enganar. Mas ouvi as mesmas palavras em meu coração novamente:
- Vá e restaure.
Quando crescemos num ambiente que diz que nada deve deixar-nos “desconfortáveis”, a idéia (e principalmente o ato) de “restaurar” não é um conceito atraente. Porém, é o melhor caminho para ganhar a liberdade das ofensas passadas e construir cercas para nós mesmos ao redor de nossas áreas de fraqueza.
Durante o ano que passamos no escritório do ministério, em Denver, tivemos bastante tempo para permitir que o Espírito de Deus enchesse nossas “talhas de água” até a borda e posso lembrar-me de ter pensado: Deve estar chegando ao topo. Foi então que o Senhor desafiou-me a dar esse passo mais à frente, de obediência, com a ordem de voltarmos às cidades onde eu havia cometido pecado e restaurarmos. Até então, nenhum dos membros de nossas famílias sabiam a razão pela qual havíamos deixado as igrejas que pastoreamos (a não ser tendo como explicação a desculpa esfarrapada de que “o Senhor nos havia guiado”).
Voltar e enfrentá-los seria o maior desafio de todos. Sentimos em nossos corações que Deus sabia o que estava fazendo e que o Seu caminho era, indiscutivelmente, o melhor de todos – embora só o fato de pensar me ferisse muito. Estávamos aprendendo que a dor produzida por Ele resulta em vida abundante, enquanto a dor que nós produzimos (que pode não parecer tão prejudicial no momento) termina em morte.
Quando voltamos ao nosso país e às cidades para realizar a restauração, ficamos admirados pela forma graciosa como fomos recebidos por nossa família, amigos, colegas e membros da congregação. Pela primeira vez fui capaz de dizer a verdadeira razão pela qual havíamos saído dali; e ao tomar pessoalmente o peso de toda a culpa e responsabilidade de minhas ações, permiti que aqueles amigos e membros da família liberassem as ofensas que eles haviam guardado contra as pessoas que eles achavam ter nos machucado sem razão.
A talha de água da transparência

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A talha de água da visão de fé

Serra da Mesa-GO
Foto: Diógenis Santos

Assim que nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos a Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. 2 Cor. 5:16
A minha visão tinha tornado-se obscurecida e embaçada e a minha fé quase já não existia mais, o que preocupava Noline. Anos de pensamentos errados, o reforço do hábito e o conflito em nosso casamento tinham me deixado incapaz de “renovar” a minha mente e a mim mesmo. Eu estava totalmente sem o “vinho” e necessitando, desesperadamente, de um milagre. Minha “talha de pedra” estava seca e eu precisava da visão da mulher que Deus havia me dado como a parceira e companheira de vida. Eu precisava de uma “visão de fé”.
Uma visão de fé só pode vir da Fonte. Percebendo esse fato, fui ao Senhor em oração e disse apenas as coisas que eu sabia dizer:
- Senhor, sei como vejo Noline neste exato momento. Embora ela seja introvertida e muito teimosa, ela é uma grande mãe para os nossos filhos. Quando ela quer ser, ela é uma mulher muito dócil, mas quando ela não quer, ela consegue decepcionar.
- Senhor, estou frustrado também porque Noline não gosta do trabalho pastoral. Seu coração não está nisso. Mas, Senhor, quero vê-la através da Sua perspectiva. Como o Senhor a vê? Quais são os Seus planos para a vida dela? Quero concordar com o Seu desejo e não seguir os meus desejos egoístas. Por favor, revela-me como o Senhor vê Noline, através da Palavra, de profecia ou exortação. Estou aberto para a Sua instrução.
Mesmo pedindo ao Senhor uma nova “visão de fé” para Noline, eu não podia acreditar que Ele realmente me revelaria. Ele deve ter escolhido ignorar minha fraca fé, pois, como eu esperava n’Ele, ele falou graciosamente ao meu coração sobre minha mulher. Meus olhos estavam fechados em oração e meu espírito estava concentrado no Senhor, quando a voz interior do Espírito Santo falou a meu coração:
Noline não é como você. Chamei você para estar no meio de Meu povo. Como em um aeroporto movimentado, você está entre o povo enquanto eles correm para a frente e para trás para pegarem vôos diferentes. Noline, no entanto, é Minha agente especial da cabine de Informação. Ela tem a riqueza de muitos anos de estudo da Minha Palavra e tem um grande depósito da verdade guardado dentro de si. Quando alguém necessita de uma informação apropriada, Eu a dirijo para ela.
Enquanto eu meditava naquelas palavras do Senhor, comecei a me entusiasmar na expectativa de ver esse chamado acontecendo na vida de Noline. Não demorou para ter uma oportunidade de presenciar isso. Estávamos encerrando um curso de MMI, certa noite, quando uma senhora aproximou-se de nós. Perguntei se podia ajudá-la, mas ela disse um rápido não e pediu para conversar com Noline. Senti que eu não era necessário por ali e rapidamente deixei-as a sós. Quando aquela senhora deixou Noline, ela tinha lágrimas nos olhos e um grande sorriso na face. Querendo saber o que havia acontecido, perguntei a Noline o que ela havia dito a mulher para obter resultados tão imediatos. Noline apenas sorriu e disse:
- Ah, eu só compartilhei com ela alguns versículos que o Senhor havia colocado em meu coração.
Naquele momento, o Espírito Santo lembrou-me da “visão de fé” que ele tinha dado a mim. Meus olhos foram abertos e eu podia ver claramente mais uma vez. Deus tinha me dado uma mulher que era quase o meu oposto e Ele tinha feito isso para o meu próprio bem. Ele não queria duas pessoas extrovertidas correndo de um lado para outro como loucas. Ele queria uma equipe equilibrada com um visionário e uma ancora, com alguém que fosse um líder de pessoas e alguém que curasse os corações.
A seguir:
A talha de água da restauração

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A talha de água da Palavra

Foto: Diógenis Santos

Deus deu, então, a Noline e a mim uma palavra muito clara sobre a “reforma” do caráter e sobre o cultivo da justiça em nossas vidas através do profeta Isaías:
A tua prata se tornou em escórias, e o teu licor se misturou com água... Porque vos envergonhareis dos carvalhos que cobiçastes, e sereis confundidos por causa dos jardins que escolhestes. Porque sereis como o carvalho, cujas folhas murcham, e como a floresta que não tem água. O forte se tornará em estopa, e a sua obra em faísca; ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague. Isaías 1:22,29-31
Este foi o caminho de Deus para mostrar-nos o que havia acontecido em nossas vidas e como poderíamos nos prevenir para que não se repetisse novamente. A nossa prata havia se tornado escória e nosso licor estava diluído. A justiça divina na qual eu havia andado e da qual eu havia desfrutado quando era um recém-convertido, tinha sido contaminada pelos caminhos mundanos e pelos problemas não resolvidos que eu permitira criar feridas em minha vida. Pior ainda, eu tinha diluído a Palavra de Deus (o licor) tanto em minha vida como na minha pregação. Eu diluíra o rico licor do Espírito Santo com um despejar crescente das águas poluídas de minhas luxúrias incontroláveis. Quando se põe água no licor de Deus, a própria vida é diluída, tornando-se espiritualmente impotente . Eu tinha “uma forma de piedade” mas, negara “o poder” dela (2 Tim. 3:5).
Comecei a perceber um outro aspecto errado em minha vida: eu tinha começado a acreditar que eu era um poderoso carvalho no Espírito, um carvalho sagrado, um tipo de carvalho “não toque em minha ferida”. Para ser franco eu havia cultivado uma visão bem inflada de mim mesmo. Eu fora uma vítima do engano do pecado e da mentira do diabo. Seu prazer é nos enganar fazendo-nos crer que somos algo que não somos. Quantos jovens pastores tornar-se-ão prisioneiros do inimigo nessa área, neste ano, como eu? As expectativas repousadas sobre os ministros do Evangelho são enormes de forma que os pastores jovens e inexperientes podem começar a viver imediatamente uma mentira tentando ser alguém que não é. O segredo para evitar essa queda é não confiar naquilo que você pensa ser, mas apoiar-se no que Ele é. Ele é o Alfa e o Ômega. Você é simplesmente um servo e filho de Deus, um mordomo. Você não pode reivindicar aquilo que não possui.
Comecei a perceber que eu havia trazido a minha própria desgraça devido aos “jardins” nos quais eu escolhera semear. Gálatas 6:7 diz: “pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”. Em que tipo de jardim você está plantando? O que você está cultivando em sua esposa e em seu ministério? O Senhor falou ao meu coração e aplicou o princípio de Lucas 16:10 diretamente em minha vida quando Ele falou: “Se você não pode ser fiel naquilo que é pouco, então não pode ser fiel no muito”. Se eu não pude ser fiel em dar o meu carinho e o meu amor a apenas uma pessoa, se eu não pude liberar e nutrir Noline para que ela se tornasse o que Ele desejava que ela fosse, então como eu poderia ser fiel às necessidades de um rebanho inteiro? Finalmente, eu estava aprendendo o que nunca fora ensinado no seminário: o cristianismo tem que ser desenvolvido em casa antes de ser exportado.
Deus mostrou-me que isso era uma lei espiritual. Ele pode pegar essa semente única de obediência e transformá-la em um casamento, lar, família e multiplicá-la, milhares de vezes. Eu cultivara o jardim de outras pessoas enquanto o meu estava em ruínas. Escolhera nutrir o meu orgulho ao invés de semear e colher a humildade. Eu permitira que a humildade murchasse e morresse em minha vida enquanto eu seguia a minha própria satisfação pessoal. Eu nutrira as esposas de outros homens enquanto negligenciava e desprezava minha própria esposa. No final, minha luxúria crescera, tornando-se uma planta alta que produziu muitos frutos, enquanto a fidelidade ao meu Salvador, a minha esposa e ao meu chamado para a santidade eram abafados pelas sementes da negligência e morriam.
A justificação foi a flor vistosa prostituindo-se a si mesma no meio do jardim enquanto extinguia cada uma das outras plantas e ervas floridas. No final, o profeta Isaías diz que aqueles que escolherem o licor diluído, os carvalhos pagãos e seus jardins tornar-se-ão como uma árvore que está morrendo e “uma floresta sem água”. “O forte” ficará como “estopa” e as suas obras vazias serão faíscas que arderão em fogo que não pode ser apagado.
Mais tarde, quando a nossa estação de disciplina havia acabado, Noline e eu compramos uma casa na Pensilvânia, e essa passagem de Isaías tornou-se uma lembrança viva de quão perto havíamos estado de um desastre total em nossas vidas. A casa estivera desocupada devido a uma disputa de testamento, assim ninguém havia morado nela durante um ano, nem cuidado do seu um acre e meio de terra. Você pode imaginar como estava a grama dessa propriedade, sem falar da altura das sebes. Nós tivemos que literalmente repossuir a terra. Havia tanta erva daninha no jardim que levamos dois anos para arrumar de tal forma que as flores pudessem crescer novamente. Gastamos horas de trabalho para devolver a beleza daquele lugar.
Nosso casamento precisava ser restaurado daquela mesma forma. Eu me sentia constrangido pela necessidade desesperada de restauração. Noline e eu percebemos que o período de restauração que havíamos tido em Denver, com Mike e Marylin Phillipps fora apenas o começo. Seria tão difícil recuperar a nossa propriedade perdida quanto fora restaurar a casa abandonada que havíamos comprado.
A propriedade tinha também um grande carvalho. Parecia ser forte, mas os sinais de deteriorização ou a falta de adubos eram visíveis em suas folhas, que começavam a mudar a cor, de um verde exuberante para um marrom feio. Eu podia me identificar com aquela árvore. Eu havia participado de reuniões e visto sinais de “sequidão” na vida do palestrante. Antes eu era geralmente rápido para criticar, mas hoje demoro em apontar o meu dedo para os outros. Sei o que isso significa. As pessoas sabem quando você não tem a unção de Deus em sua vida. Não importa se você dirige um Cadillac, possui uma mansão ou usa um terno de R$ 800,00. As “coisas” não provam que você é abençoado ou que Deus, necessariamente, se agrade de você.
A lei de semear e colher é uma lei universal que qualquer pessoa pode utilizar. É como um homem não convertido, que tinha um coração corrompido, endurecido e ganancioso, e ouviu sobre o princípio do dízimo e começou a dar dez por cento de tudo que ganha. Este homem começou a prosperar, pois ele colhia o que semeava, mesmo continuando a ser um incrédulo. O dízimo alcançou-lhe favor aos olhos de Deus? De forma alguma. Foi apenas a ação da lei de semear e colher.
A mesma verdade aplica-se a muitos cristãos hoje em dia. O que conta mesmo é a unção do Senhor. A unção faz-nos crescer. O sermão de um homem pode soar bem, mas pode não ter a unção que apenas pode vir de um jardim divino, cultivado e trabalhado sob a direção do Senhor.
O homem olha a aparência, mas Deus olha o coração. O Senhor não está tão interessado em nossos milagres, mas sim em nosso caráter. Se desejarmos, Ele nos guiará através do que for necessário para produzir o caráter em nossas vidas. Por anos, foi um processo gradual, passo a passo, pois o Senhor encheu de forma amorosa, cada uma das nossas talhas vazias.
A talha de água da visão de fé

sábado, 29 de agosto de 2009

A talha de água da obediência

Trizidela do Vale-MA
Foto: Diógenis Santos
A talha de água da obediência
Apesar da falta de resultados aparente, sentíamos que era importante continuarmos obedecendo. Jesus disse aos servos, no casamento em Cana da Galiléia, o que Ele queria que eles fizessem, e eles obedeceram – embora devam ter se sentido um tanto tolos ao derramar a água naquelas enormes talhas.
Deus se encarrega do sobrenatural, mas espera que nós façamos a nossa parte no natural. Muitas pessoas no Corpo de Cristo estão condicionadas a ir à frente e receber imposição de mãos, esperando por alguma manifestação de uma cura miraculosa. Deus realmente cura, mas Ele também ordena que você faça alguma coisa. Ele espera que cada um de nós seja obediente àquilo que Ele nos mostrar. Assim, cada indivíduo precisa ouvir a voz de Deus de forma pessoal e saber o que Deus quer dele (a). Para Noline e eu, era submetermo-nos a Mike e Marilyn Phillipps e à direção que eles nos dariam. E devíamos retornar ao devocional diário lendo a Bíblia e orando juntos. Francamente era um alívio ser capaz de fazer “alguma coisa” porque, naquele ponto de nossas vidas, estávamos nos sentindo bem inúteis.
Mais do que inúteis, às vezes eu achava que estávamos retrocedendo. Comecei a sentir que Mike estava pegando no meu pé devido a pequenas infrações ou pela forma como eu percebia as coisas e eu odiava isso. Eu torcia o nariz a cada confronto de minhas atitudes e pelo fato de constantemente culpar as outras pessoas. Eu me ofendia com a constante prestação de contas que Deus estava exigindo de mim.
A formação do caráter requer uma rendição de tudo o que a carne valoriza e protege, e eu tinha anos de experiência para superar. Além disso, a Palavra de Deus não parecia ser aplicável à minha vida diária, não parecia responder aos meus problemas imediatos. Ao olharmos para trás, no entanto, fica claro que Deus estava trabalhando. Ele sabia daquilo que nós mais precisávamos naquelas horas, e nossas “talhas vazias” estavam sendo cheias novamente, de forma vagarosa, porém segura.
Mais do que nós desejamos para nós mesmos, Deus deseja que as pessoas que estejam machucadas ou quebradas sejam curadas. A verdade é que nós não sabemos como começar a encher as nossas talhas vazias por nós mesmos. Viver sem a cura de Deus, é como viver em uma casa com buracos na parede, por onde se penetra todos os tipos de insetos e se é exposto às chuvas e ao vento. A primeira coisa a se fazer, antes que alguém se mude é consertar o buraco. Você não pode começar comprando tapetes, cortinas, papel de parede e quadros se não tiver solucionado o problema real. Se você não consertar o buraco da parede, então todas as outras coisas que comprar para decorar a casa vão ser desgastadas e destruídas.
Muitas pessoas que aprendem sobre a construção de um relacionamento cometem o mesmo tipo de erro: tentam embelezar seus relacionamentos, consertando ou adornando elegantemente objetos superficiais, sem primeiro consertar as brechas. Não interessa quantas vezes elas tentam embelezar um relacionamento quebrado. Tudo sempre se estraga porque as brechas mais importantes foram ignoradas ou olhadas por cima. É preciso deixar o Senhor consertar a ferida-brecha primeiro, para que então todo o resto dos detalhes sejam decididos. Ele usará as pessoas e as circunstâncias mais diferentes para fazer isso. A Bíblia diz: “O Senhor firma os passos do homem bom” (Salmos 37:23). Deus tem em mente lugares e pessoas específicas para você. Deixe Deus ser Deus e renda-se totalmente ao Seu trabalho em seu casamento e família.
A talha de água da Palavra