sábado, 15 de agosto de 2009

O sopro final

Foto: Diógenis Santos
Após ter contado a Noline sobre o meu segundo adultério, ficamos ambos bem sensíveis. Precisávamos de tempo e espaço para permitir que o bálsamo curador de Deus trabalhasse em nosso casamento desestruturado e em nossas vidas feridas: mas o tempo e o espaço não viera da forma que esperávamos. Como dividíamos o púlpito com o pastor principal, a quem eu houvera convidado para trabalhar comigo, tínhamos uma escala para cada domingo. Era a minha vez de pregar naquela manhã fatal de domingo, quando declarei publicamente que, pela primeira vez em cinco anos, “não havia absolutamente nenhum segredo escondido entre minha esposa e eu. Somos totalmente transparentes um com o outro.”
O confronto inevitável com minha amante e a desgraça pública vieram rapidamente. Eu falhara em aprender uma das lições mais importantes que todo líder deveria saber e respeitar: todos nós precisamos de outros para nos ajudarem a reconhecer as áreas de cegueira em nossas vidas. O ato de prestar contas entre os irmãos permite que a fraqueza e o pecado sejam rapidamente desmascarados, quando ainda podem ser tratados em particular, antes que outras pessoas sejam feridas. Quando não existe o hábito de se prestar contas, o Espírito Santo precisa agir trazendo uma dor muito maior e a correção pública aos filhos de Deus.
Ao enfrentar a congregação na noite da quarta-feira seguinte, percebi que aquilo era um encontro com o destino que eu já não podia mais evitar. O pecado que eu confessara para minha esposa em particular estava agora destinado a se tornar algo público. Quando os presbíteros expuseram a verdade sobre o meu passado de adultério, minha parede de engano, cuidadosamente construída, caiu em ruínas. Fui considerado, então, publicamente mentiroso e adúltero. Eu havia sido desmascarado e estava exposto e demolido. Em minha miséria, naquela noite, eu não havia percebido, mas naquele momento todas as minhas mentiras tinham sido extraídas de mim – uma vez que a pretensão fora removida e a necessidade de ocultar as minhas culpas desaparecera – finalmente eu podia dar um passo em direção à graça de Deus. A minha carne fora crucificada naquela noite. Assim que o meu pecado fora revelado perante todos, Satanás perdeu uma de suas fortalezas mais poderosas sobre a minha vida. Eu vinha “dando lugar” a ela através de meus artifícios contínuos para esconder o meu pecado. Agora ele estava descoberto diante de todos e Satanás perdia sua arma mais poderosa contra mim. O primeiro estágio de “arrancar e derrubar” estava completo. Agora o Senhor começaria o processo de reconstrução.
Não foi fácil
Não foi fácil. Naquela noite senti-me como um homem sendo linchado pelos vigilantes. Embora eu tenha culpado os presbíteros da igreja, fora Deus quem havia exterminado o meu pecado escondido de adultério e a prolongada decepção. Levaria quase dois anos inteiros para que as escamas da raiva e da amargura caíssem totalmente dos meus olhos, dois anos até que eu pudesse admitir que o problema não era a liderança da igreja, dois anos para admitir que meus problemas haviam sido causados devido a minha própria culpa. Levaria ainda mais um tempo para que eu começasse a realmente viver sem a decepção.
Sem eu saber, Deus já havia preparado um programa de “desintoxicação” para a minha vida e eu já conhecia o diretor do meu programa de restauração espiritual. Eu seria restaurado biblicamente sob a forte liderança de Mike e Marilyn Philipps, os instrumentos que Deus usou para ajudar-me a, finalmente, confessar o meu pecado para Noline.
Deus enviou corvos para alimentar o seu profeta nas horas de sequidão; Ele mandou anjos para protegerem os Seus discípulos nas horas de perigo; e Ele colocou Mike e Marilyn que, então, tornaram-se nossas fontes de refúgio e cura. Nas semanas que se seguiram, após aquela dolorosa noite de quarta-feira, eu realmente acreditei que todos os problemas de minha vida haviam sido causados unicamente por mim, mas os Phillipps me apoiaram e me escutaram inúmeras vezes. Gastamos horas ao telefone com eles enquanto nos instruíam sobre o que fazer com nossas vidas despedaçadas. Grande parte da minha cura e da nossa restauração deu-se através da constante supervisão e do equilíbrio de nossos líderes e amigos. Hoje eu sei que eles foram literalmente as mãos de Deus estendidas a duas pessoas feridas.
A parte mais interessante da graça de Deus em nossa crise é que Ele alcançou-me e resgatou-me. Eu podia entender os Seus cuidados para com Seus profetas e apóstolos, mas era muito difícil entender porque Eles ajudariam um “ninguém” que havia falhado tanto, enquanto fingia ser bem-sucedido a todas as pessoas. A minha oração era para que o valor da misericórdia e da graça que Noline e eu temos compartilhado possa reassegurá-lo que a graça de Deus está estendida para todos os seus filhos – incluindo você, se você humildemente procurá-lo.

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